quarta-feira, 27 de junho de 2012

Lições de Cultura e Literatura Portuguesas

José Xavier Valadares e Sousa foi poeta muito apreciado no seu tempo, e discípulo da crítica francesa neoclássica. Sob o pseudónimo de Diogo de Novais Pacheco escreveu em 1739 Exame crítico de uma Silva Poética feita à morte da Sereníssima Infanta de Portugal, a Senhora D. Francisca, onde com brilhante erudição, critica todos os excessos do gongorismo praticados pelo "célebre Camões do Rossio," de seu nome Caetano José da Silva Souto Maior. Para esta crítica auxilia-se de todos os autores clássicos e modernos e cita Boileau que ensinava a amar "o explendor da verdade." Cita-o como exemplo: «Rien n'est beau que le vrai; le vrai seul est aimable/ Il  doit règner  partout, et même dans la fable.»
Na verdade - diz H. Cidade - nem a tradução da Arte Poética, (...) nem o Serão Político de Fr. Lucas, nem as Prosas Portuguesas, de Bluteau (...) exemplificavam a crítica neoclássica e os princípios por que se formava o gosto do Século Filosófico: - respeito da natureza e da verdade, lógica adequação da linguagem a uma e a outra." (pp.93) Era um "certo domínio tirânico da razão sobre a fantasia."
O Verdadeiro Método de Estudar, do Barbadinho, pseudónimo do Padre Luís António Verney, iria suplantar todas as críticas e "ódios de estimação," que até aí se tinha feito a qualquer obra. No entanto, ele constitui o verdadeiro ponto de viragem para um tempo novo. "Nada melhor do que ele evidencia o atraso que ainda nos distanciava do mundo culto."(pp.102) 
Nasceu Verney em Lisboa no ano de 1713, filho de um francês e de uma portuguesa. Depois de ter passado pelas mãos dos jesuítas, no Colégio de Santo Antão e em Évora, onde se graduou em Artes e estudou Teologia, partiu Verney para a Itália em 1739, onde refez os seus estudos e defendeu tese em Jurisprudência e Teologia Especulativa e Dogmática.
D. João V, Magnânimo para com as inteligências, protegeu-o e entusiasmou-o na sua actividade reformadora, quando publica o seu livro em 1746, mandou que Sampaio lhe "desse um benefício maior do que o que já tinha. Isto significa que o pedagogista - diga-se embora molestado, «pelos ministros e outras pessoas, as quais sempre embaraçam, para adular os Jesuítas, que sempre me perseguiram com um ódio mortal» - foi todavia estimado pelo Paço à sementeira das ideias reformadoras em que empenhava a sua inteligência e a sua combatividade." (pp.96) O Rei estendeu entretanto a outras ordens religiosas, privilégios que lhes permitiam ensinar. Os Oratorianos iriam ministrar o ensino secundário que era, até então, exclusivo dos Jesuítas.
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(Continua)

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