domingo, 3 de junho de 2012

V - Salvador Correia de Sá e Benevides

Salvador acabava os 6 anos de governo a restaurar fortificações, a promover o povoamento e a abrir caminhos novos. Para não se abster dessas obras promoveu o lançamento de impostos, o que levou os da Câmara a reclamar, em nome dos munícipes, e a dizer que nenhuma outra capitania tinha prestado tantos serviços ao reino. O Rei reconheceu esta situação e atribuiu as mesmas honras, isenções e privilégios aos cidadãos do Rio que tinham os munícipes da cidade do Porto.
A cidade de S. Sebastião, durante os seis anos do governo de Salvador, não diferia muito da pequena cidade descrita por Frei Vicente do Salvador duas décadas antes. O P. Ruiz Montoya que esteve durante quatro meses no colégio jesuíta do Rio, em 1637/38, descreveu o lugar como comparável a "um canto de um bairro na minha terra natal", a capital vice-real de Lima. Ele disse que os habitantes eram tão indómitos, que se matavam uns aos outros "como se fossem percevejos". No entanto, refere-se ao Governador com termos elogiosos e classifica-o como um verdadeiro amigo dos jesuítas. (Boxer, pp.113)
Entretanto, Salvador partia para Lisboa depois de ter pedido ao governador-geral, António Teles da Silva, para nomear um seu sucessor interino. Apesar de ter mostrado uma certa relutância, autorizou a substituição. Então o governo do Rio ficou entregue a Luís Barbalho Bezerra. Salvador de Sá partia cansado de mediar conflitos e das intrigas e calúnias maldosas pois, havia tempos, que se via cercado de inimigos. Já não suportavam a "oligarquia" dos Sás. (Norton, pp.40) Os soldados do Rio revoltaram-se, os exploradores do sertão queriam manter os seus privilégios, outros, como o Provedor de Fazenda, Domingos Correia, que foi demitido do seu posto, antes de ter terminado o prazo de três anos da sua comissão, para dar o lugar ao capitão Pedro de Sousa Pereira, que tinha casado com uma parente do governador, denunciavam-no e acusavam-no de irregularidades financeiras.
Acabou por ser ordenada uma devassa que, apesar de adiada muitas vezes, e de ter sido mandado fazer uma sindicância, não teve procedência  junto do Rei, porque em 25 de Março de 1644, Salvador Correia de Sá e Benevides foi nomeado General da frota criada para escoltar os navios mercantes entre o Rio e o Reino. Recebeu ainda a nomeação de deputado do Conselho Ultramarino, que era presidido pelo Marquês de Montalvão, anteriormente vice-rei do Brasil. Em 10 de Junho recebia o alvará que o confirmava como Administrador das minas de S. Paulo para continuar o esforço de descobrir novas jazidas. Outro alvará concedia-lhe o poder de galardoar com o hábito de Cristo. Como não podia exercer todos os cargos, ficou só com o de General da frota e delegou os seus outros poderes. 
Salvador partiu novamente para Lisboa, integrado no comando e na protecção de uma frota de açúcar que saía do Rio. Quando aí chegou, foi incumbido de conseguir na Baía e no Rio de Janeiro, socorro para Angola, onde várias nações negras se tinham revoltado contra Portugal, influenciadas pelos holandeses. (Lessa, pp.33)
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(continua)  

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