sexta-feira, 8 de junho de 2012

V - Salvador Correia de Sá e Benevides

Salvador mandou tratar dos feridos, embarcou os holandeses em três navios, e, quando escreveu os primeiros despachos para Lisboa, pediu recompensas ao rei para os seus soldados. Entre elas, os indultos para os condenados e encarcerados que tinham ido na expedição e que tinham cumprido o dever com o risco da sua própria vida. Alguns dos sobas foram punidos pelo novo governador e vencidos nas margens do Bengo; outros tornaram a ser fieis aos portugueses. N'zinga recolheu-se para o interior e durante alguns anos não se soube do seu paradeiro. As dificuldades existentes com o Rei do Congo, Garcia Afonso II, também foram resolvidas com um acordo de mútua assistência, e a autorização de construir um forte na foz do rio Zaire.
Depois, uma das primeiras medidas de Salvador foi retomar o comércio de exportação de escravos, não limitando as ambições do Brasil quanto a este assunto. Esperava retomar o comércio com Buenos Aires sob a condição, acordada com D. João IV, de que os espanhóis pagassem os escravos em moeda de prata ou em barra e não em mercadoria.
Reparou os danos sofridos em Luanda aquando da permanência dos holandeses e concedeu terras para cultivo, no sistema de sesmarias ou arrendamento. Apoiou uma proposta da Câmara de Luanda para introduzir uma moeda de cobre de valores até 25 reis, mas foi repreendido e viu recusada esta proposta, pelo rei e pelo seu conselho. Se houvesse cobre devia ser enviado para Lisboa e não gasto com os incipientes colonos e os "selvagens", porque isso dar-lhes-ia um poder que se poderia tornar perigoso. O velho sonho de Salvador de cunhar moeda caía mais uma vez por terra. Apresentou todas as despesas que ele próprio e o Rio de Janeiro tinham feito com a expedição da libertação de Angola, e a Câmara pagou implementando um imposto de três mil reis por cada escravo adulto exportado. Enviou para a Baía o último galeão do Conde de Vila Pouca de Aguiar, em 1649 e construiu galés e barcos para defesa da costa angolana.
Apesar de ter tido uma saúde resistente ao clima africano, depois de ter estado três anos afastado da família e porque continuava doente da sua perna, pediu, em Outubro de 1650, para ser substituído no seu cargo em Março do ano seguinte. No entanto, embora a sua esposa, que tinha ficado em Lisboa, se tivesse esforçado em pedidos junto do rei, para que Salvador regressasse, este só partiu de Luanda para o Brasil em Março de 1652, levando consigo um grande número de escravos negros.
Lessa escreveu que o maior feito desta fase e, possivelmente, de toda a vida de Salvador, foi a restauração de Angola do jugo dos holandeses, jornada de armas que lhe aureolou o nome com o brilho da imortalidade. (pp.40)
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(continua)  

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