Do carácter histórico, moral e filosófico das
Cartas Familiares
de
Cavaleiro de Oliveira
INTRODUÇÃO
I
Vive e acorda - a Morte é morta, ele não.
Shelley, in: Adonais (0)
Será que Cavaleiro de Oliveira "Vive e acorda " neste trabalho? É esse o objectivo que me proponho: dizer que "a Morte é morta, ele não."
Tentarei deixá-lo falar, ser ele mesmo. Ouvir-lhe a voz na música das suas palavras, mesmo que as notas sejam intercaladas por outros tons menores.
Nas Cartas Familiares escolhi seleccionar este tema, porque me cativou no mesmo instante em que delas tomei conhecimento. A sua erudição vem da infância, poderei, talvez, dizer que a bebeu no leite materno. E porquê? Porque "parece compor-se como as regiões montanhosas, de materiais diversos acumulados desordenadamente." (1) Onde prefiguramos a sua "natureza, já compósita, formada em partes iguais de instinto e cultura." (1) O autor como "criador" da "sua própria vida", onde "o estilo é a criação da dignidade." (2) Por isso, creio que, "não há tempo nem força que destrua" (3) aquele que evoluiu vivendo.
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Notas:
(0) HISTÓRIA ILUSTRADA DAS GRANDES LITERATURAS, Literatura Inglesa, VI Vol., Editorial Cor, Lisboa, 1959.
(1) YOURCENAR, Marguerit, Memórias de Adriano, seguido de Apontamentos sobre as Memórias de Adriano, Tradução de Maria Lamas, 6ª edição, Editora Ulisseia, 1988, pp. 26.
(2) HELDER, Herberto, (a mão negra), in: Photomaton e Vox, 2ª edição, Assírio e Alvim, Editora, Lisboa, 1987, pp.56.
(3) HISTÓRIA ILUSTRADA DAS GRANDES LITERATURAS, Literatura Alemã, VII Vol., Goethe, "Poesia e Verdade".
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