quinta-feira, 5 de julho de 2012

Lições de Cultura e Literatura Portuguesas (Conclusão)

CONCLUSÃO

Hernani Cidade diz-nos que esta obra da Reforma do Ensino foi a de "mais incontestável mérito do futuro Marquês de Pombal e do Reitor e futuro Bispo de Coimbra, D. Francisco de Lemos." A filosofia de Newton permitia a aproximação ao real, nos estudos teológicos fazem-se análises exegéticas dos textos bíblicos à luz da história e da filologia. Nos estudos jurídicos para além da análise legal conta a interpretação inteligente das leis e o apoio de todas as ciências subsidiárias. Os estudos médicos possuem teatros anatómicos e trabalham-se cadáveres, abandonam-se Galeno, e quase Hipócrates pelo estudo directo de doentes em hospitais. A Filosofia estuda o Homem em toda a sua complexidade e a interagir no meio que o rodeia. Desenvolvem-se as Ciências matemáticas. Faltou uma faculdade de letras, ou de artes como se chamava então. Temos por fim o depoimento de A. Ribeiro dos Santos: «Este ministro quis um impossível político; quis civilizar a nação e ao mesmo tempo fazê-la escrava; quis espalhar a luz das ciências filosóficas e ao mesmo tempo elevar o poder real ao despotismo.»
Mas, o facto é que R. Santos reconhece que as luzes foram dadas ao povo, e como diz bem H. Cidade:
O marquês tirânico passou - e as cadeiras de Direito Natural e das Gentes, de Direito Público Universal e - acrescentaremos - de Direito Pátrio, continuaram, depois dele, a formar as gerações que lhe haviam de corrigir os excessos da obra cesarista. Passou a Mesa Censória, que, segundo lembra Lúcio de Azevedo, proibia, ainda sob Pombal, a publicação do Elogio de Descartes.
Em 1791 Fr. Manuel do Cenáculo vai publicar o seu livro Cuidados Literários, e manterá o meio literário em permanente actividade cultural da cidade e na própria Corte organizou um curso de Humanidades. Quando havia uma viva reacção contra Pombal ele manteve-se coerente com o seu passado de reformador.
"A defesa da Universidade fá-la D. Francisco de Lemos no livro que apresentou ao sucessor do Marquês - Relação Geral do Estado da Universidade. (...) A impressão que o livro causou no Paço, exprime-a o Marquês de Ponte de Lima, ao entregá-lo ao principal Castro, na ocasião em que este se preparava para ir tomar conta do governo da Universidade: - Leve V. Ex. para a Universidade este livro, que foi quem a salvou da ruína." A obra dos Estatutos mantinha-se apesar do desterro e condenação do Marquês de Pombal.
O prolongamento desta reforma universitária iria frutificar com a fundação da Academia Real das Ciências, pelo Duque de Lafões e o Abade Correia da Serra em 1779, à semelhança da Inglaterra e da França.
_________________________________________________________________________________

BIBLIOGRAFIA

CIDADE,Hernani, LIÇÕES DE CULTURA E LITERATURA PORTUGUESAS, 2º Vol., 7ª Edição, Coimbra Editora, Limitada, 1984.
__________________________ 

Sem comentários:

Enviar um comentário