terça-feira, 4 de junho de 2013

«O tempo, protagonista da Poesia Barroca»

A concluir faço minhas as palavras de Eugénio Coseriu: «a poesia não é, como amiúde se diz, um "desvio" relativamente à linguagem corrente (entendida como o "normal" da linguagem); em rigor, é antes a linguagem "corrente" que representa um desvio perante a totalidade da linguagem. Isto é válido também para as demais modalidades do "uso linguístico": com efeito, estas modalidades surgem, em cada caso, por uma drástica redução funcional da linguagem como tal, que coincide com a linguagem da poesia.» (7)
"A linguagem poética representa por conseguinte, a plenitude funcional da linguagem." (4)
A essa plenitude funcional da linguagem aliaram a metáfora como "vinculo intelectual que une a linguagem e o mito." Herder, no seu ensaio sobre a origem da linguagem sublinhou que: «já que toda a Natureza ressoa, o mais natural para o homem sensível é que ela viva, fale, haja.»
O tempo, como categoria da narrativa, assumiu as "falas" da Natureza e as "não falas", mimesis e diegesis. Aristóteles ultrapassou Platão e a sua Retórica, foi a "rampa de lançamento" do tempo como personagem principal de todo a "drama" barroco.

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Notas:
(1); (2) HATHERLY, Ana, A Experiência do Prodígio, INCM, Lisboa, 1983.
(3); HATHERLY, Ana, Lampadário de Cristal de Frei Jerónimo Baía, Ed. Comunicação, Lx, 1991, p.14
(4) VVAA: Congresso sobre a investigação e ensino do Português, Lisboa, Icalp., 1989, Diálogo. Compilação, in: «O texto literário e o ensino da língua materna», Victor, M. Aguiar e Silva
(5) C: Pierre Bourdieu, «Habitus, code et codification» in: Actes de la recherche en sciences sociales, 64 (1986), p.41.
(6) PAZ, Octavio, Pasión Critica, Barcelona, Seixs Barral, 1985, pp.76 e 126.
(7) COSERIU, Eugenio, El hombre y su lenguaje, Madrid, Gredos, 1977, pp.203.
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(continua) pp.49 

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