terça-feira, 24 de setembro de 2013

Estamos no Outono!

Nuvens pontuam o céu azul como flocos de algodão. Vemo-las caminhar ligeiras indo de encontro a outras para formarem um leve sombrear do céu em tons de cinzento prateado. Outras, mais pesadas, aqui e além, anunciam a chuva que em breve nos brindará. Estamos no Outono!
Os ventos deixam Zéfiro para trás e dão a primazia a Éolo para os conduzirem. As noites estão mais frescas e os dias nascem com Auroras rosadas, mas sem o pulcro reluzente do quente Verão.Estamos no Outono!
Deixa saudades o Verão? Não.
As chamas irromperam pelas serras, pelas terras, e deixaram o negrume da dor. A alma das Terras, das Serras, das Gentes, chora as árvores destruídas pelo fogo que num sussurro se deixaram morrer. Nelas já não voltam a cantar os passarinhos, já não brotam as pinhas, já não contam os seus segredos, nem com a sua aragem adormecem os pastores ou os lavradores. Terra negra de dor e o céu em rolos de fumo fica rubro de espanto e quase do dia se faz noite e da noite se faz o inferno de Dante. A terra, a perder de vista, fica negra no delírio do declínio e da impotência para salvar a natureza verde que enfeitava as suas arribas, os seus vales as suas serras. 
As serras não se reconhecem sem a sua verdura, os seus esquilos , os seus coelhos, os seus passarinhos que nas suas árvores faziam o ninho. 
As gentes ficam mudas de espanto e de tanto gritarem de dor. Foram os bombeiros que se finaram como se fossem parte dessa mesma terra dessa mesma silvicultura. Jovens, meu Deus, tão jovens! Deram a vida para salvar as florestas inocentes, inocentes eram eles também. Tombaram pela força do fogo que não poupa ninguém. Troncos e ramos e humanos que em tão recentes minutos balouçavam ao vento e entoavam as suas canções. Diziam adeus aos seus filhos, aos seus amigos, aos seus pais, sem sonharem que não os tornariam a ver.
Isto foi o Verão deste ano da Graça de 2013, em que morremos um pouco mais na dor dos que tudo perderam.
Noutras terras viveram-se outros fogos outros inocentes mortos, só porque estavam na parada, ou num parque a jogar ou a pôr os filhos a brincar, ou às compras num Centro Comercial. Rajadas de tiros a alvos incrédulos com caras de terror que só balbuciavam: Meu Deus! 
E a Síria? Para quando o fim de tanta mortandade?
Foi isto o Verão. Todas as praias do mundo, todas as viagens de lazer, são fugas desesperadas num mundo
em tensão.
Venha o Outono e com ele o fim dos fogos, todos os fogos a nível mundial, para que possamos chorar os inocentes perdidos que se acolhem nas asas do Anjo seu defensor.