sábado, 9 de novembro de 2013

Leituras ...(3ª)

O prazer da leitura ocupa-nos todos os momentos livres e não nos deixa tempo para a escrita. Regressar ao meu blogue é mais difícil quando me embrenho num ou noutro romance ou nos livros de contos que tenho andado a ler. É destes últimos que vos vou falar, a propósito do Prémio Nobel atribuído a Alice Munro. Ainda só li dois: Amada Vida e Progresso do Amor, editados pela RELÓGIO D'ÁGUA. O primeiro tem catorze contos e são todos com uma prosa cantante, melodiosos e repletos de ritmo. É, por isso, uma prosa repleta de alegria, mesmo quando os contos encerram alguma história mais triste. Ali há vida. Respira-se uma "amada vida" que deverá ser, ela mesma, a vida amada pela escritora. A sua maneira de escrever é leve, com um estilo muito próprio, que não se cansa de nos surpreender. Considero que foi uma revelação para mim, visto que não costumo comprar muitos livros de contos.
O Progresso do Amor é composto por onze contos. O primeiro conto dá o título ao livro, enquanto que,  curiosamente, Amada Vida é o último conto que lhe dá o título. Os temas são tão comuns à vida do dia a dia das comunidades ou das pessoas, individualmente, que mostra como o Homem é profundamente parecido qualquer que seja o país, cidade ou campo em que viva. Mesmo sendo comuns, o que me surpreendeu, por exemplo, foi o conto Monsieur les Deux Chapeaux, pois não me parecia plausível que um enredo tão simples pudesse dar um conto tão interessante e fora do comum. A vida inteira dedicada à escrita, não admira que tenha conseguido uma maestria na arte do conto. Nascida em Ontário, no Canadá, a 10 de Julho de 1931, publicou a sua primeira história em 1950, quando ainda andava na faculdade. Recebeu imensos prémios literários, o que prova que foi reconhecida dentro e fora do Canadá.
A propósito destes contos gostava de vos falar de "Teresa Veiga" (é um pseudónimo) uma nossa escritora, que nasceu em Lisboa em 1945, e, apesar de ter publicado um romance em 1999, é através dos contos que eu a conheço. São cinco volumes de contos e novelas, sendo o mais antigo de 1988, e o mais recente de 2008. É uma contista de primeira água que sempre nos encanta e nos prende. Porque será que é tão pouco reconhecida? Não sei. É o país que temos. Voltei a ler o livro História da Bela Fria, que é uma antologia de nove contos encantadores, pela prosa tão perfeita e pelos temas tão variados. Lia para poder comparar com Alice Munro. As histórias são passadas no nosso Alentejo e em Lisboa e são contos que também podem ser universais. Era tempo de se tornar mais conhecida, pois é uma escritora de muito mérito.
Para terminar tenho que corrigir um erro que dei, pela precipitação, acerca da Colecção Prémio Nobel do Diário de Notícias. Não é em 2001 que acaba a mesma, mas em 2003, com o livro: A Vida e o Tempo de Michael K  de J.M. Coetzee. Outro exemplo de como a vida de um rapaz e de sua mãe (uma pequena parte) pode resultar num romance tão belo, que nos leva a lê-lo de um fôlego e a ficar com pena de não conhecer-mos o que de facto aconteceu a Michael K na sua luta por ser um homem livre, num período de guerra. J.M. Coetzee foi Prémio Nobal em 2003. A colecção P. Nobel do D.N.  não é contínua e tem alguns dos muitos Prémios que foram atribuídos até hoje. Fica o erro ressalvado.