Inicia-se "como praticante no Tribunal de Contos do Reino e Casa (...) sob a direcção paterna, aí faz vida de escriba até 1721". (7) Foram quatro anos de convivência com o pai, que permitiram deixá-lo bem encaminhado no serviço do Reino e Casa.
Cavaleiro de Oliveira torna-se "em Lisboa pessoa de uma certa categoria, (...) a família era bem aparentada" (7) e ele recordará um primo seu, António Guedes Pereira que era secretário de Estado. Vivia-se na ilusão do ouro do Brasil que afluía. Na Europa discutiam-se ideias cultivava-se o espírito, em Lisboa, valia o esplendor e a falsa aparência, nos costumes, na religião.
Construía-se o Convento de Mafra (que se inicia em 1716 e termina em 1736), publicara-se a Fenix Renascida (1515-18) e aparecerá a público a Gazeta de Lisboa. Em 1721 são publicados os Discursos Políticos e Obras métricas, de Duarte Ribeiro de Macedo e as Regras da Língua Portuguesa, Espelho da Língua Latina, de D. Jerónimo Contador de Argote, que se vem juntar ao Vocabulário Português-Latino, (1712) de R. Bluteau. Dá-se a criação de uma academia médica. Continuam a publicar-se obras sobre geografia e engenharia e R. Bluteau vê editadas as suas Prosas Portuguesas. De Manuel Bernardes sai do prelo o Estímulo Prático (1730) e de Itália para Lisboa vem a Capela de S. João Baptista, obra prima do barroco, para a igreja de S. Roque. Carlos Seixas faz vibrar o orgão da Sé com os seus divinos sons e compõem para Cravo melodias eternas. Em 1733 canta-se a primeira ópera portuguesa em estilo italiano e é publicado o Parnaso Lusitano, de Violante do Céu.
Era assim a Lisboa cultural em que Oliveira vivia inserido? Sim, terá sido nesta Lisboa de privilégios e de nomes ilustres, "gente da mais alta nobreza com quem conviveu (...) como os condes de Vimioso, Ericeira e Óbidos, os Marqueses de Valença," etc. (8) que recebeu a Ordem de Cristo e o grau de Cavaleiro, confirmado pelo Tribunal de Consciência, em 1729, "em atenção a trinta e cinco anos de serviço de seu pai a el-rei." (2) Possuía muitas amizades que virá a recordar nas suas cartas. Diogo Barbosa de Machado foi seu amigo, assim como "o padre João Baptista Carboni, jesuíta valido do rei."(9) Todos o apreciavam e estimavam como erudito.
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Notas:
(8) RODRIGUES, Gonçalves, António, O Protestante Lusitano, Coimbra, MCML, pp.12.
(9) Idem, pp.13.