quarta-feira, 12 de junho de 2013

«O Tempo, protagonista da Poesia Barroca»

BIBLIOGRAFIA
(Continuação)

GRIMAL, Pierre, DICIONÁRIO DA MITOLOGIA GREGA E ROMANA, Tradução de V. Jabouille, Difel, Lisboa.

GONZAGA, Tomás António, MARÍLIA DE DIRCEU, e mais Poesias, com prefácio e notas de M. Rodrigues Lapa, Sá da Costa, Editora, 1ª ed., 1937.

HORÁCIO, ARTE POÉTICA, Tradução de R. M. Rosado Fernandes, Editorial Inquérito, Lisboa, 2ª ed., 1984.

HATHERLY, Ana, LAMPADÁRIO DE CRISTAL de Frei Jerónimo Baía, Editorial Comunicação, Lisboa, 1º ed., 1992.

HATHERLY, Ana, A EXPERIÊNCIA DO PRODÍGIO, INCM, 1ª ed., 1983.

HATHERLY, Ana, A PRECIOSA, de Soror Maria do Céu, INIC; Lisboa, 1ª ed., 1990.

HEINRICH, Lausberg, ELEMENTOS DE RETÓRICA LITERÁRIA, Tradução de R. M. Rosado Fernandes, FCG; Lisboa, 3ª ed., 1982.

MELLO, Francisco de Pina, de Sá de, ARTE POÉTICA, Oficina de Francisco Borges de Sousa, Lisboa, 1765.

MELLO, Francisco de Pina, de Sá de, RIMAS, Oficina de Joseph Antunes da Sylva, Lisboa, 1727.

MOURA, Carlos, HISTÓRIA DA ARTE EM PORTUGAL, O LIMIAR DO BARROCO, Editado por Publicações Alfa, S.A., Lisboa, 1986, VIII Volume.

PIRES, Maria Lucília  Gonçalves, POETAS DO PERÍODO BARROCO, Editorial Comunicação, Lisboa, 1ª ed., 1985.

RODRIGUES, Graça Almeida, LITERATURA E SOCIEDADE NA OBRA DE FREI LUCAS DE SANTA CATARINA (1660 - 1740), INCM, Lisboa, 1ª ed., 1983.

SERRÃO, Vítor, O MANEIRISMO E O ESTATUTO SOCIAL DOS PINTORES  PORTUGUESES, INCM, Lisboa, 1ª ed., 1983.

SILVA, Vítor Manuel de Aguiar, TEORIA DA LITERATURA, Livraria Almedina, Coimbra, 8ª ed., 1988.

SOBRAL, Luís de Moura, PINTURA E POESIA NA ÉPOCA BARROCA, Editorial Estampa, Lisboa, 1994.

TODOROV, Tzvetan, POÉTICA, Tradução de Carlos da Veiga Ferreira, Editorial Teorema, Lisboa, 1986.

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pp.51  


sábado, 8 de junho de 2013

«O Tempo, protagonista da Poesia Barroca»

BIBLIOGRAFIA

ARISTÓTELES, POÉTICA, Tradução de Eudoro de Sousa, INCM/FCSHUNL, 1986

A FENIS RENASCIDA OU OBRAS POETICAS Dos melhores Engenhos Portuguezes, I Tomo, dedicada ao Ex. Sr. D. Francisco de Portugal, publicação de Mathias Pereyra da Silva, Lisboa, 1716.

A FENIS RENASCIDA OU OBRAS POETICAS Dos melhores Engenhos Portuguezes, II Tomo, dedicada ao Ex. Sr. D. Joseph de Portugal, Publicação de Mathias Pereyra da Silva, Lisboa, 1717.

A FENIS RENASCIDA OU OBRAS POETICAS  Dos melhores Engenhos Portuguezes, III Tomo,
dedicada ao Ex. Sr. D. Joam de Almeyda, e Portugal, Publicação de Mathias Pereyra da Silva, Lisboa, 1718.
A FENIS RENASCIDA OU OBRAS POETICAS Dos melhores Engenhos Portuguezes, IV Tomo, dedicada ao Ex. Sr. D. Joam Mascaranhas, Publicação de Mathias Pereyra da Silva, Lisboa, 1718.

A FENIS RENASCIDA OU OBRAS POETICAS Dos melhores Engenhos Portuguezes, V Tomo, dedicada ao Ex. Sr. Francisco Manuel de Menezes, Publicação de mathias Pereyra da Silva, Lisboa, 1732.

A. J. Ayer, LINGUAGEM VERDADE E LÓGICA, Editorial Presença, Lisboa.

ÁVILA, St. Teresa de, SETA DE FOGO, Tradução de José Bento, Editora Assírio e Alvim, Lisboa, 1989.
BACELAR, Barbosa António, DESAFIO VENTUROSO, Organização e prefácio de Ana Hatherly, Assírio e Alvim, Lisboa, 1991.

BORGES, Nelson Correia, A ARTE NAS FESTAS DO CASAMENTO DE D. PEDRO II, Paisagem-Editora, Porto.

CASSIRER, Ernest, LINGUAGEM, MITO E POESIA, Tradução de Rui Reininho, Rés-Editora, Lda, Porto, (1874/1945)

CRISTOVÃO, Fernando, MARÍLIA de Dirceu, de Tomás António Gonzaga, Ou a Poesia como imitação e Pintura, INCM, Lisboa, 1981.

CHEVALIER, Jean; A. Gheerbrant, DICIONÁRIO DOS SÍMBOLOS, Editorial Teorema, Ld., Lisboa,1994.

ECCOS QUE O CLARIM DA FAMA DÁ. POSTILHÃO DE APOLO... Dedicado ao Monarcha D. Joseph I, na Officina de Francisco Borges de Sousa, Lisboa, 1762.

DELAS, Daniel, Jaques Filliolet, LINGUÍSTICA E POÉTICA, Editora Cultrix, S. Paulo.

DUCROT, Oswald, Tzvetan Todorov, DICIONÁRIO DAS CIÊNCIAS DA LINGUAGEM, Publicações D. Quixote, Lisboa, 6ª ed., 1982.

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(continua) pp.50  



terça-feira, 4 de junho de 2013

«O tempo, protagonista da Poesia Barroca»

A concluir faço minhas as palavras de Eugénio Coseriu: «a poesia não é, como amiúde se diz, um "desvio" relativamente à linguagem corrente (entendida como o "normal" da linguagem); em rigor, é antes a linguagem "corrente" que representa um desvio perante a totalidade da linguagem. Isto é válido também para as demais modalidades do "uso linguístico": com efeito, estas modalidades surgem, em cada caso, por uma drástica redução funcional da linguagem como tal, que coincide com a linguagem da poesia.» (7)
"A linguagem poética representa por conseguinte, a plenitude funcional da linguagem." (4)
A essa plenitude funcional da linguagem aliaram a metáfora como "vinculo intelectual que une a linguagem e o mito." Herder, no seu ensaio sobre a origem da linguagem sublinhou que: «já que toda a Natureza ressoa, o mais natural para o homem sensível é que ela viva, fale, haja.»
O tempo, como categoria da narrativa, assumiu as "falas" da Natureza e as "não falas", mimesis e diegesis. Aristóteles ultrapassou Platão e a sua Retórica, foi a "rampa de lançamento" do tempo como personagem principal de todo a "drama" barroco.

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Notas:
(1); (2) HATHERLY, Ana, A Experiência do Prodígio, INCM, Lisboa, 1983.
(3); HATHERLY, Ana, Lampadário de Cristal de Frei Jerónimo Baía, Ed. Comunicação, Lx, 1991, p.14
(4) VVAA: Congresso sobre a investigação e ensino do Português, Lisboa, Icalp., 1989, Diálogo. Compilação, in: «O texto literário e o ensino da língua materna», Victor, M. Aguiar e Silva
(5) C: Pierre Bourdieu, «Habitus, code et codification» in: Actes de la recherche en sciences sociales, 64 (1986), p.41.
(6) PAZ, Octavio, Pasión Critica, Barcelona, Seixs Barral, 1985, pp.76 e 126.
(7) COSERIU, Eugenio, El hombre y su lenguaje, Madrid, Gredos, 1977, pp.203.
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(continua) pp.49 

sábado, 1 de junho de 2013

«O Tempo, protagonista da Poesia Barroca»

4

CONCLUSÃO

LABIRINTO, QUEIXANDO-SE DO MUNDO

«Corre sem vela e sem leme/ O tempo desordenado,/ D'hum grande vento levado:/ O que perigo não teme,/ He de pouco exprimentado.»(pp.127) (1)
Estes cinco versos dão o mote para concluir este trabalho. Os poetas do período barroco viveram um tempo em que, como nos diz Ana Hatherly, "o poder despótico exercido pela autoridade (Igreja, Estado, Sociedade) revela-se, marcadamente no grande sofrimento e no medo que se adivinham em tantas obras do Maneirismo/Barroco peninsular. O terror que inspira a infracção das rigorosas regras da ordem - estética ou  outra - é a sua marca segura da repressão violenta, que reduz os cidadãos a súbditos humildes ou humilhados e conduz à adulação e à intriga, ao servilismo e à vontade de morte. (pp.123) (...)
Há também um recrudescimento do culto do herói que, se muitas vezes é um estereotipo de modelos míticos do passado, agora surge acrescido da alternativa de abdicação e martírio, nova forma de heroísmo que se contrapõe ao esplendor da afirmação dos novos conquistadores do mundo.
Os artistas têm de ser tão prodigiosos como os heróis que celebram, as suas obras têm de estar à altura, à medida, à desmedida dos feitos que memoram. Por outro lado, as misérias que se lamentam, se induzem à renúncia, revelam também o desânimo, a descrença, a impossibilidade do homem corresponder a esses modelos míticos que o aparecimento da novela picaresca e o D. Quixote começam já a contrabalançar.
As complicadas obras que se produzem nesse período, destinam-se a um público de «especialistas», que conhece os programas originais e sabe, por isso, avaliar a mestria da recriação das formas e personagens em que os novos valores e exercitam. Neles se revêem e se comprazem os poderosos. Os artistas, servos por necessidade do patrocínio, servem esses desígnios: louvam, louvam, repetem os seus louvores até à  loucura - até atingirem a aguda sensação de que a morte que a todos persegue em guerras e lutas intermináveis, é por fim um bem. Espiritualmente falando, é (talvez) a única libertação, pois liberta do mundo." (pp.124) (2)
O tempo assume, neste contexto, um protagonismo que até aí não tinha conhecido na literatura. A conjuntura social e histórica explica que, a própria morte, se apresente como resolução de muitas vidas sem sentido terreno. O divino e a vida celestial, apresentava-se como a única possibilidade de obter a felicidade. Pela renúncia obtinha-se a santidade. São exemplo os poemas de S. Teresa de Ávila: "Vivo sem viver em mim/ e tão alta vida espero,/ que morro por não morrer." As suas orações eram poesias de esperança: "Nada te inquiete, / nada te assuste; / pois tudo passa, / Deus nunca muda. / A paciência/ tudo alcança / Quem Deus tem / nada lhe falta. / Só Deus basta."
A crítica neo-clássica criou preconceitos sobre a literatura barroca que a levaram a não ser estudada durante séculos, "contribuindo para que toda uma volumosa produção literária, de numerosos e por vezes valiosos autores do século de seiscentos e parte de setecentos, tivesse ficado sujeita ou a um completo esquecimento ou às críticas mais injustamente depreciativas." (3)
Herder dizia que a poesia era a língua universal da Humanidade. E mesmo que o texto poético seja sempre codificado, "ele é também, todavia um texto capaz de jogar ironicamente com a sua própria codificação."(4)
Pièrre Bourdieu escreveu, num ensaio recente, que devemos «saber jogar com a regra do jogo até aos limites, mesmo até à transgressão, sem cair no desregramento.» (5)
Os poetas barrocos não caíram no "desregramento". Antes souberam ter aquela atitude moderna que Octávio Paz refere: «o criador perante a linguagem deve ter a atitude do enamorado. Uma atitude de fidelidade e, ao mesmo tempo, de falta de respeito ao objecto amado. Veneração e transgressão. O escritor deve amar a linguagem, mas deve ter a coragem de transgredir.»Porque, continua o mesmo autor, «a poesia é ruptura da linguagem, ou ruptura da superfície da linguagem, para penetrar no interior da linguagem. A arte de escrever, parece-se com o combate e também com o amor». (6)
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(continua) pp.48/49