terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Clepsydra de C. Pessanha - Resenha da Edição Assírio & Alvim e A. Barahona

CONCLUSÃO

"O conteúdo da poesia reside na probabilidade do improvável"
Paul Vallery

Ao concluirmos esta breve descrição e resenha, não poderemos deixar de dizer que a edição conjunta de Assírio & Alvim e António Barahona, constituiu para nós uma surpresa, pela afirmação desassombrada e quase categórica da maior parte do seu posfácio. No entanto, também temos de dizer que concordamos com muitas das suas escolhas, opiniões e palavras que subscreveríamos sem hesitação.
A escolha de colocar primeiro todos os poemas que constituem esta Clepsydra, dita de Pessanha, agradou-nos porque sempre fomos avessos a ler grandes preâmbulos. O amor pela poesia leva o leitor directamente aos versos, como o sequioso à água que o consola. Começámos logo por observar, que as opções de fixação de texto eram muito distintas das de P. Franchetti.
Barahona adopta, na quadra da página 9, "Eu vi a luz num país perdido.", a ortografia e a acentuação actual, ao contrário da edição crítica de P. Franchetti que mantém a original (paiz; languida; podesse; deslisar). No entanto, a dado passo das suas notas, Barahona diz que Pessanha não aderiu ao acordo ortográfico de 1911 e que quis manter a grafia antiga na edição de 1920.
No primeiro soneto do livro, na página 12, (que Franchetti coloca na página 131, como o 49º poema), o 1º verso onde surge a palavra "complicadas", aparece em P.F. "opolentas" e a pontuação, que em Barahona termina com dois pontos, é em P.F. um ponto de exclamação. Assim temos não um só verso, mas dois versos: «Tatuagens complicadas do meu peito: » e "Tatuagens opulentas do meu peito!" Neste só soneto, são várias as diferenças de pontuação, do uso de grafia, de palavras, etc.
A pesquisa das diferenças encontradas entre os dois textos, levou-nos por caminhos nunca antes experimentados. O 2º soneto, ESTÁTUA, na edição de Barahona, é em Paulo Franchetti o 10º poema, na página 85; num apresenta-se a ortografia actualizada, noutro, a antiga, segundo preconizou Pessanha. Esta análise levar-nos-ia a um trabalho com a dimensão do livro em resenha e não caberia neste contexto. Contudo não poderemos deixar de revelar a surpresa que sentimos quando lemos que, "só um poeta pode reeditar a Clepsydra."
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(continua) excerto 11

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