III
Esta terceira parte sublinha que Camilo Pessanha é o maior Poeta Simbolista Português, apesar de, como estudante em Coimbra, se ter divorciado do movimento académico em que "pontificava Eugénio de Castro."
"A obra de arte, ou poema, é de uma solidão infinita, lá diz Rainer Maria Rilke." Pessanha viveu-a na solidão, sem aderir a escolas e, como único, construiu "as suas coordenadas culturais..." (pp.170)
A crítica acerada contra Gustavo Rubim volta a pontuar este texto e Barahona conclui que o seu trabalho naufraga mesmo junto à margem; cito:
"O navio de Gustavo Rubim, apesar da prudência e da bússola analítica, sem nunca perder de vista terra firme, acaba por naufragar nos recifes de Barthes, Derrida, Deleuze, Kristeva... a que se agarraram algumas lapas portuguesas, e no banco de areia de um mero historiador da literatura, Óscar Lopes, classificado por Rubim como «um dos mais importantes críticos literários portugueses» mas do qual apenas, e ambiguamente alguma mnemónica se resgata." (pp.172)
Nesta sua crítica, o autor advoga que "entre António Quadros e Óscar Lopes venha o diabo e escolha," pois ambos servem os seus opostos catecismos, uma vez que a poesia é instrumento do poeta e só através da sua presença funciona. Ou seja: "O poeta protagoniza sempre os seus poemas, porque lhes é interior: o eu que figura nos poemas consiste, portanto, numa realidade espiritual. O poeta só é exterior aos seus poemas depois de os escrever, e reescrever, quantas vezes forem necessárias, até alcançar a perfeita com-fusão e co-incidência consigo próprio, lírico, centro do mundo, homem universal."
Aqui fica a tese de António Barahona: só os poetas são os mais habilitados estudantes de poesia, eles não a definem, porque sabem "por experiência própria, na sua ignorância, em que consiste a poesia: espelho caleidoscópio das suas vidas e morte quotidianas, amores, memórias, leituras, viagens, privações etc., etc., que se estilhaça e dilui no seu próprio reflexo, transmutado em objecto infinito e reflexão." (pp.171)
Para este autor "há poetas que, por serem muito grandes, não cabem na história da literatura." (pp.173)
Mas mesmo que os calquem a pés juntos, fica sempre alguma coisa que canta com voz irredutível e soberana... a víscera do coração.
"Na Clepsydra de Pessanha, tal como na obra de Camões, perpassa a imaginação criadora da alma portuguesa..." (pp.170)
Termina o autor com Ruy Cinatti, o poeta que lhe abriu esta crítica da crítica, esta fixação de texto de Camilo Pessanha.
«A poesia é a autobiografia do poeta ou do nómada em escala de partida: o seu cântico»
O posfácio data de : Lisboa, 10 de Junho de 2002
Em P.S. novos agradecimentos. Desta feita a Luís Abel Ferreira, sem o qual esta tarefa não seria levada a bom termo.
Na página 175 iniciam-se as Notas que se prolongam até à 183ª página. Verso da página em branco e, na seguinte, 185, estão as Notas à fixação do texto da Clepsydra, que se prolongam até à 198.
Da página 199 à 205, seguem-se as Notas à fixação do texto de "Outros Poemas". Depois do verso da página em branco, temos a Cronologia, que se desenrola da página 207 à página 214. Na seguinte, 215, a Bibliografia. Na página 221, uma Tábua que serve de índice do livro.
Por fim, na página 222 e 223, o ÍNDICE DE TÍTULOS E PRIMEIROS VERSOS. Na última página, ao fundo e ao centro, o nome dos editores, a morada, e o nome de António Barahona (2003). O nº de edição, a data, Abril de 2003, e os respectivos registos, ISBN e Depósito Legal. A tiragem foi de 3000 exemplares. Como última informação o nome e a morada onde foi impresso o livro.
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(Continua) p.10
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