Barahona diz aos leitores que, "desde o Orpheu, por anúncio de Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneiro que Camilo Pessanha é Mestre de poetas e, portanto, só um poeta pode reeditar a Clepsydra." (Em notas 27 e 28, explana as opiniões, dos dois Poetas citados, sobre a obra de Pessanha. Entre os maiores elogios, Mário de Sá Carneiro chama ao Poeta, ainda por editar, «o grande ritmista.» e diz que «os seus poemas engastam mágicas pedrarias que transmudam cores e músicas... em ritmos de sortilégio - cadências misteriosas...»)
A celebração de Pessanha pelos Poetas seus contemporâneos terá sido unânime, e, num amor incondicional, António Barahona afirma que o pequeno livro das Edições Lusitânia se tornou um «missal» destes Poetas e das gerações vindouras, "enquanto se falar, escrever e amar a língua portuguesa."
Seguidamente o autor diz-nos que a sua fixação de texto começa onde parou a investigação filológica" de Barbara Spaggiari, que considera honesta e "levada a bom termo". Nesta edição crítica, a autora inventaria e estuda minuciosamente, "todas as variantes genéticas e evolutivas dos Poemas de Camilo Pessanha." Esta edição será, por isso, "mais um alicerce, além dos três inicialmente consignados," do seu trabalho que considera edificante.
Por último, refere um outro alicerce que lhe serve também de "alerta e ponto de partida: um artigo de Mário Cesariny, publicado no extinto Jornal de Letras e Artes, em Novembro de 1967, e posteriormente coligido em livro."
Segue-se a narração intercalada de:"as mãos na água/ a cabeça no mar," 1972, pp.97 - 100, de Mário Cesariny, onde se confirma que a "verdadeira obra" de Pessanha são as trinta poesias da edição original e se condena "as descobertas para pior" feitas "a posteriori". Só a edição de Barbara Spaggiari é vista por Barahona, como a mais elucidativa, autorizada e completa, mas tendo como fronteira, a filologia, o que lhe permite que o seu trabalho fique "à beira do abismo" e sirva de trampolim, suporte e "sustentação de voo" para o salto a dar pelo Poeta que irá, esse sim, editar Pessanha.
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(Continua) p.8
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