sábado, 8 de dezembro de 2012

Clepsydra de C. Pessanha - Resenha da Edição Assírio & Alvim e A. Barahona

II

Esta segunda parte do posfácio inicia-se, na página 150,  com a transcrição de um excerto da carta de Pessanha a seu pai, datada de 1894. Em seguida, Barahona tece considerações sobre a religiosidade do Poeta. São várias as interrogações que se fazem e as respostas que se dão ao leitor, umas, baseadas no estudos de João Gaspar Simões,  outras, de Barahona, que defende o seu ponto de vista sobre esta questão. Recorre a Pascal, nos seus Fragments Polémiques, para melhor explicar a heresia, e, por fim, conclui que Pessanha "não era ateu e muito menos herético porque não excluía nenhuma verdade da verdade total..." Antes de continuar a sua exposição sobre o paradoxo de se negar a religião como cultura, cita João Gaspar Simões que escreveu na sua biografia de Pessanha: «A doença fazia dele um Cristo descido da cruz.»
Falta fazer-se o estudo teológico da Clepsydra e da personalidade do Poeta, na qualidade de Mestre espiritual." Afirma Barahona. Esse "mestre" que a António Osório de Castro pareceu um santo, e que Carlos Amaro conheceu com um "ar de Príncipe e de vagabundo, na sua imensa humildade e no seu infinito orgulho..." com uma "face que, em certos instantes, era iluminada a relâmpagos de deslumbrante e sobrenatural beleza!" Barahona conclui, depois de muitas citações,  que "também Camilo Pessanha, foi crucificado."
A biografia do Poeta vai-se desenrolando, ao longo desta segunda parte, com diversos argumentos e citações que servem para Barahona levantar a sua tese e concluir com o seguinte epílogo: Camilo Pessanha foi, é e será, a par de Mestre de Poesia, Mestre Espiritual; e, a par de Rimbaud, Mestre de Silêncio." Ele fazia parte daquela linguagem própria dos Poetas, "generosa" e pertencia também à "heróica" nobreza, pois, nas suas veias, circulava "o sangue da ilustre família genovesa, fundada em 1317 pelo Almirante de D. Dinis, Mister Manuel Pessagno ou Pezagno, à qual se orgulhava de pertencer, segundo o autor.
Resta ainda referir, a terminar esta segunda parte, o aspecto de Camilo Pessanha ter pertencido ao Grande Oriente Lusitano, e de ter tido o grau de Cavaleiro Rosa-Cruz. Barahona discorre sobre a Maçonaria, novamente com o apoio de muitas citações, e considera que, a este facto, não deve deixar de ter sido alheia "a influência da sua Irmã de Poesia, Ana de Castro Osório."  Induz, por fim, que maçon  por estratégia de estudo,  usou a Maçonaria como depósito de segredos da simbólica e da estrutura das catedrais,  a que não são alheias a estrutura e a simbólica da Clepsydra." (pp.165)
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(continua)  p.9

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