sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Cartas Familiares de Cavaleiro de Oliveira

Carta 17

A Madmoiselle de M. aconselhando, aprovando, e justificando a Lição das Novellas, e das Comedias.

(O autor discorda da opinião de um amigo e diz que está longe de acreditar que não há gente boa e honesta que leia novelas e comédias.)
(...)
"Este homem não se lembra de que disse Aristoteles que os Philosophos amão as Fabulas, e que não he cousa incompativel com a sua prophissão passar a vida na diligencia de buscar as cousas importantes. E das palavras do Poeta Favorecido de Mecenas que diz assim: Li atentamente Homero, e entendo que ensina muito melhor que todos os Philosophos no que consiste a honra solida, e o bem verdadeyro.
Qui quid sit pulchrum, quid turp/ Quid utile, quid non:/ Plenius ac melius Chrysipo & Crantore dicit. (...) As Novellas são as Escollas da Politica, e da Honestidade, e Escollas onde as Graças estão pintadas." ...

Vienna de Austria, 9 de Mayo de 1737
(Carta XXXVII, Tomo II, pp. 198/9/200)
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O próprio título da Carta já nos dá a opinião do autor. Aconselha, aprova e justifica a leitura de novelas e comédias. Recorre a Aristóteles para reforçar a sua ideia. Os filósofos amam a leitura de fábulas e não é incompatível com a sua profissão. Homero tinha sido lido pelo poeta predilecto de Mecenas e ele confirmava que este autor ensinava melhor o que era "a honra sólida e o bem verdadeiro" do que "todos os filósofos". As novelas são uma escola de política e de vida. Este texto é prova de uma mentalidade moderna em relação à educação das raparigas. Elas deviam ler estes livros, porque  são uma escola da honestidade onde "as Graças estão pintadas".



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