Doravante, estendo confiante as asas pelo espaço;
Não sinto Barreiras de Cristal ou de Vidro;
Abro caminho nos céus e elevo-me nas alturas.
Giordano Bruno (1)
Do carácter dos Iluministas - Antigos e Modernos
«Em consequência de de uma sucessão de "revoluções," as de Copérnico, de Galileu, de Descartes e de Newton,» surgia uma "nova natureza" criada por um espírito geométrico, que levantou, por sua vez, problemas sobre a natureza humana.
Francis Bacon falava sobre o conhecimento para a "libertação da condição humana". Sonhava com "um novo mundo intelectual." Descartes considerava que podemos encontrar uma filosofia prática. Calderon de la Barca interrogava: "Não é a vida um sonho ao qual outros sonhos se vêm juntar, e dos quais acordamos ao morrer?"
A crise intelectual do século XVII pôs tudo em dúvida; o próprio conhecimento. Da dúvida surgirá a luz, a procura da verdade, «o apelo à "Razão"...»
Pascal em oposição às razões Metafísicas, torna-se um precursor de Kierkegard e Bergson.
Saint-Simon queria restaurar a alta nobreza, e, La Bruyére, burguês, colocava em questão toda a sociedade. Fenélon sonhava com uma sociedade ideal e advogava uma monarquia constitucional.
Milton e Espinosa tinham fé no poder da verdade. Bayle levou a tolerância tão longe quanto podia no século XVIII.
Jonathan Swift, nas Viagens de Gulliver, satiriza Holbes, Petty, Locke, Grócio, Leibniz, e Boulainvilliers por quererem fundamentar as leis como "naturais". Leibniz ao inventar o cálculo infinitesimal afirma que tudo no mundo procede matematicamente. Fontanelle defende "o esprit géométrique" que se expande mais do que nunca; que a ordem, a clareza, a precisão e a exactidão. Preferia a prosa à poesia, e não acreditava sequer na possibilidade da evolução moral. Observa-se isso num dos seus diálogos entre Montaigne e Sócrates. Acreditava que "as pessoas nunca se conformarão com a ignorância quanto ao seu futuro... nunca se satisfazem simplesmente com serem felizes no momento presente." Para Montaigne, o mundo tornou-se dez vezes mais louco e corrupto do que nos tempos antigos.Afirmava que a essência do homem está no coração e o coração não muda (ponto de vista augustiniano nos fins do séc. XVII, acerca da natureza humana).
Geram-se polémicas entre filósofos Antigos e Modernos. Bodin afirma que "a natureza tem tesouros incontáveis de conhecimento que não se podem esgotar em época alguma." Hakewil dizia que: "nem nós somos anões nem eles (antepassados) foram gigantes, mas todos somos de uma estatura, salvo que estamos um pouco mais elevados, graças a eles. Formam-se dois ramos de pensamento: um religioso, mais evidente na Inglaterra e outro secular representativo da Europa.
Le Siécle de Louis le Grande, de Charle Perraut, lido perante a Academia Francesa terá precipitado a luta entre os dois campos: antigos e modernos. Os antigos não pensavam historicamente, não estavam interessados nas ciências, na filosofia natural, mas na arte, na linguagem, na literatura e na ética. Os antigos referiam-se aos gregos e romanos (Temple incluía os do oriente e até os peruanos). Aristóteles e Horácio tinham traçado as regras da arte poética, e Horácio e Vergílio eram os modelos da arte de escrever. Sir Willian Temple era céptico como filósofo e comparava desfavoravelmente os modernos com os antigos. Dizia: "não há nada de novo na astronomia ou física para rivalizar com os antigos;" ou que nenhuma academia moderna podia rivalizar com a de Platão ou o liceu de Aristóteles. Perrault baseia-se em duas hipóteses - que reconhece não serem originais - uma; é que a natureza é sempre a mesma, outra; que a velhice é sinónimo de experiência e conhecimento superior. Tal como Wotton defendia que as leis da moral cristã são superiores. William Wotton, em resposta a Temple, fazia uma distinção nítida entre as artes e as ciências, pela primeira vez, nos debates entre antigos e modernos.
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(continua)
Nota (1) in: O Pensamento Europeu Moderno, pp.76.
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