Carta 7
Ao Reverendissimo Padre D. Joseph Augusto, Clerigo Regular da Divina Providência, e Conselheyro de consciencia do Emperador Carlos VI a respeito da Modestia, e da Audacia.
(...)
Audentes fortuna juvat. Se eu não soubesse que este lugar é de Virgilio, diria certamente a V.M. que era Evangelho. (...)
No tempo em que eu era rapaz (...) imaginava-se que a Modestia era uma qualidade perfeita, e uma virtude recommendavel. (...) Para me formarem o coração, e o spirito me ensinavão as sciencias mais difficultosas, obrigando-me a distinguir as cousas, e a fazer juisos sobre ellas. (...) A Modestia desterrada das Cortes não acha mais protecção que a de hum pequeno numero de pessoas. (...)
Creyo que é evidente (...) que a Audacia he huma virtude muy propria para condusir á Fortuna. (...) A Audacia faz ruido. (...)
O homem Modesto, por muito merecimento que tenha, parece-se a hum diamante bruto, cujo valor é conhecido de poucos...
Vienna de Austria, 29 de Agosto de 1737
(Carta LXV, Tomo II, pp.355, 360/61)
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A sorte protege os audazes, mas o autor defende a modéstia como qualidade que deixou de ser estimada. Refere os tempos antigos em que era ensinada, e lamenta que esteja arredada da Corte. Numa comparação exímia diz-nos que o homem modesto é como um diamante em gema, conhecido de poucos.
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