II TOMO
A HUMA ROSA
Romance
Como tens tão pouca vida?
Quem tão depressa te mata?
Flor do mais illustre sangue
Que deu de Vénus a planta?
Huma Aurora só que vives
Flores te chamão Monarcha
Na mesma do Império,
Que foi berço, tens a campa.
Lastima da tarde chamão
A ti doce mimo da alva,
Gentil pérola nascida
Entre concha de esmeralda.
Águia nos voos florentes
Estendes ao Sol as azas,
Mas quando os rayos lhe logras
Fenis em rayos te abrasas.
Em quanto em verde clausura
Te fecha o botão as galas,
Paras os logros que desejas
Te dão vida as esperanças.
Mas quando a púrpura bella
Te serve jà de mortalha
Sentido o Sol chora rayos,
Buscando a morte nas agoas.
De fermosura tão rica
Não sey quem foy o pyrata
Tão attrevido, que rouba,
A Joya da madrugada.
J. Bahia
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Um poema metafórico e hiperbólico que nos mostra a brevidade da vida na personificação da rosa. Beleza a quem o tempo condena."Uma Aurora só que vives",- metáfora do tempo, um só dia tem a rosa de esplendor, mesmo que filha de Vénus. "Sentido o Sol chora raios,/ Buscando a morte nas águas" - personificação do Sol, que "chora", mas, com os seus "raios", leva a rosa à morte. Metáfora do poente e da morte, quando o sol se esconde no mar e se faz noite. "A Jóia da madrugada," - metáfora do alvorecer do dia e da juventude efémera.
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(continua) pp.35
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