segunda-feira, 13 de maio de 2013

«O Tempo, protagonista da Poesia Barroca»

II TOMO

A HUMA ROSA

Romance

          Como tens tão pouca vida?
          Quem tão depressa te mata?
          Flor do mais illustre sangue
          Que deu de Vénus a planta?
Huma Aurora só que vives
          Flores te chamão Monarcha
          Na mesma do Império,
          Que foi berço, tens a campa.
Lastima da tarde chamão
          A ti doce mimo da alva,
          Gentil pérola nascida
         Entre concha de esmeralda.
Águia nos voos florentes
          Estendes ao Sol as azas,
          Mas quando os rayos lhe logras
          Fenis em rayos te abrasas.
Em quanto em verde clausura
          Te fecha o botão as galas,
          Paras os logros que desejas
          Te dão vida as esperanças.
Mas quando a púrpura bella
         Te serve jà de mortalha
         Sentido o Sol chora rayos,
         Buscando a morte nas agoas.
De fermosura tão rica
          Não sey quem foy o pyrata
          Tão attrevido, que rouba,
          A Joya da madrugada.

J. Bahia


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Um poema metafórico e hiperbólico que nos mostra a brevidade da vida na personificação da rosa. Beleza a quem o tempo condena."Uma Aurora só que vives",- metáfora do tempo, um só dia tem a rosa de esplendor, mesmo que filha de Vénus. "Sentido o Sol chora raios,/ Buscando a morte nas águas" - personificação do Sol, que "chora", mas, com os seus "raios", leva a rosa à morte. Metáfora do poente e da morte, quando o sol se esconde no mar e se faz noite. "A Jóia da madrugada," - metáfora do alvorecer do dia e da juventude efémera.
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(continua) pp.35

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