quarta-feira, 15 de maio de 2013

«O Tempo, protagonista da Poesia Barroca»

III TOMO

A Hum Rouxinol Cantando

Soneto
          Ramilhete animado, flor do vento
          Que alegremente teus ciúmes choras,
          Tu cantando teu mal, teu mal melhoras, 
Eu digo minha dor ao sofrimento,
          Tu cantas teu pezar, a quem namoras,
          Tu esperas o bem todas as horas,
          Eu temo qualquer mal todo o momento.
Ambos agora estamos padecendo
          Por decreto cruel do Deos Menino;
          Mas eu padeço mais, só porque entendo.
Que he tão duro,& cruel o meu destino,
          Que tu choras o mal, que estás sofrendo,
          Eu choro o mal, que soffro, & q imagino.

Francisco de Vasconcelos

Sobre Las Palabras de Job

DIES MEI TRANSIUNT

SONETO

Buelan las horas, passanse los dias,
           Corren los meses, huyense los annos,
          Y nuestra vida hidropica de engaños
          Breve ambiciones, pasce tyranias;
Sim ver que el gusto es todo fantesias,
          Sin que la vida aprenda de sus daños,
          Que el alma, q'arrastrou sus desengaños,
          Es toda a su delicto idolatrias:
O' mundo ciego, a la rason difunto,
          Como no ha hecho en ti más movimiêto
          Verte al peligro por instantes junto?
Dexa la liviandad, mira de asiento,
          Que ha de espirar la vida a cada punto,
          Pues se muere la edad cada momento.

J. Freyre de Andrade

SOBRE AS PALAVRAS DE JOB

QUI  QUASIFLOS EGREDITUR, & CONTERITUR.

SONETO

Si la vida del hombre incierta, y breve,
          Es luz, que passa, y flor, que se marchita,
          Para que fin el alma solecita
          De humano bien la vanidade aleve?
El mismo passo, que a vivir se mueve,
          Para la muerte el tiempo precipita;
          Y los estragos de su gusto incita,
          Quien con más prisa sus engaños beve.
Pues si la vida un punto apenas dura,
         Y es voz que nos avisa el mismo daño,
         Quien esta luz ephimeral procura?
O' fi el mundo faliera de su engaño,
          Que escarmiento no fuera una ventura!
          Que ventura no fuera un desengaño!
J. Freyre de Andrade

______________________________________________________________________

Poemas que ilustram o protagonismo do tempo na linguagem barroca. Bem à maneira de Gongora, aqui está retratada a passagem do tempo que provoca danos e "quem com mais pressa seus enganos bebe" mais vê que a "ventura" é um "desengano". - Metáfora da passagem do tempo e do engano/desengano.
_______________________________________________________________________
(continua) pp.36/37

Sem comentários:

Enviar um comentário