sábado, 4 de maio de 2013

«O Tempo, protagonista da Poesia Barroca»

(Continuação)

1- "Era o tempo, em que pálido retrata/ Seus ardores o Sol na Thetis fria," - metáfora de um tempo de guerra, e, personificação do Sol e de Tétis, com adjectivação qualificativa. (Tétis, divindade marítima, a mais célebre entre as Nereides, toma o leme da nau Argos. Recusa o amor de Zeus ("fria"), e é inacessível aos amores dos deuses. Peleu desposou-a e dela nasceu o herói Aquiles. Nem Tétis o salvou do seu destino fatal.) Os dois primeiros versos do poema anunciam antecipadamente (prospecção) aquilo que vai acontecer a este trágico amor, com a partida de Armido para a guerra.
"Porque em berços de neve morre o dia" - metáfora do fim de um dia  de Inverno; personificação do dia.
"Quando entre escuma de mentida prata;" - metáfora das ondas a rebentar na areia, quando se desfazem em espuma.
" O vento com gentil descortesia;" - personificação do vento, e adjectivação antitéctica.  "Inchava as ondas, e batia as velas;"  - metáfora adjectivada da tempestade.

2 - "E o tambor guerreiro se dobrava," - personificação, adjectivação e metáfora da guerra, reforçada pela hipérbole adjectivante de "horrendo som".
"Plantas de galas, e jardim de plumas"; - metáfora dos "louros" do soldado que vence na guerra.

3 - " Graças de natureza, alentos da arte;/ Em quem juntou amor a competir-se/ Galhardias de Adónis, leis de Marte," - metáforas das artes do poeta, que junta em si Adónis, o belo, aquele que divide o tempo entre Afrodite (ou dois terços) e Perséfone, e, em si contém, igualmente Marte, o "horrendo" deus da guerra. (aventura e desventura do poeta).

4 - "Que como é guerra amor, braço imperioso;" - Comparação da guerra com o amor, metáfora do braço-de-ferro que o amor trava com a guerra, que o proíbe, o torna impossível.

5 - "Altas prendas de Lídia, que por belas,/ Nelas a ser estrelas, e as flores" - metáforas adjectivadas das qualidades e virtudes de Lídia.

6 - Estrofe construída com ideias antitéticas e em quiasmo: - "Ausentar-se sem vê-la não ousava/ vê-la e logo ausentar-se não podia:" (...)"No valor uma morte pressentia; (...) Uma morte vencia em outra morte."

11 - "Ai caduco prazer, falsa ventura/ Sombra vã, leve flor, doce mentira!" - metáforas adjectivadas do tempo enganador, do desengano, do amor como "doce mentira".

15 - Antíteses e hipérboles constroem esta estrofe. O destino injusto, "fado iníquo", "as duras leis" dita: Porque, se porque ficas, cá me fico, / Também porque me levo, lá te levo."

32 - "Solicitas no sangue altas memórias", - metáfora dos valores de honra dos antepassados, que faziam com que os jovens não pudessem deixar de ir à guerra.
"Deixando a Vénus por seguir a Marte?" - metáfora interrogativa da troca do amor pela guerra. Personificação do Amor (Vénus) e da Guerra (Marte).
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(continua) pp.32   
  

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