quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Clepsydra - Camilo Pessanha - Sinopse da E. C. de Paulo Franchetti

I. Histórico das edições da Clepsydra

O leitor toma conhecimento de que os poemas de C. P. foram sendo publicados, ao longo da sua vida, em vários jornais de Portugal e de Macau e que só em 1920 é que se editou pela primeira vez um livro com os seus versos, por iniciativa da escritora Ana de Castro Osório. Numa longa nota de rodapé, P.F. chama a atenção para o aspecto de o filho da escritora, após o seu falecimento, ter chamado a si o mérito de convencer C.P. a publicar os seus poemas. Paulo Franchetti conclui que não é plausível, uma vez que, numa entrevista ao Diário de Lisboa, em 1921, A.C.O. confirma ter sido ela que preparou a edição da Clepsydra. E, argumenta P.F., que Camilo Pessanha esteve a última vez em Lisboa em 1916, tendo nessa altura, João de Castro Osório apenas dezasseis anos, tornando-se, por isso, ainda mais improvável.
Esta edição, publicada pelas Edições Lusitânia, em Lisboa, foi a única, em vida de Camilo Pessanha, que faleceu em 1926. Haviam-se publicado também, um conjunto de 16 poemas, no número único da revista Centauro, em 1916. Em nota, P.F. dá o nome de todos os poemas publicados nessa revista trimestral de literatura.
Quando Ana de Castro Osório faleceu, o seu filho continuou a investigar a obra e a vida de C.P. e irá fazer novas actualizações da edição de 1920. A segunda edição saiu em 1945, com o nome de Clepsidra, e incluindo mais poemas. A terceira é uma reedição e veio a público em 1956. A quarta edição data de 1969, sempre pela Ática, e é considerada por J.C.O., como definitiva. Em relação às anteriores, traz novos poemas e textos de C.P., em prosa e verso e "algumas anotações de variantes e uma grande colecção de textos e comentários" de João de Castro Osório.
Em nota, P.F. informa que os textos acrescentados de C. P., são traduções de oito poemas chineses, precedidos de um prefácio do tradutor, e um outro artigo comentando a poesia de Alberto Osório de Castro, que foram publicados, respectivamente, em O Progresso, em 1914, e no semanário A Verdade, de 31/03/1910, ambos em Macau.
Segue-se a informação de que a Ática, após a morte de J.C.O., reeditou a obra, sempre com base no "arranjo e lição" da edição de 1969, eliminando apenas uma parte dos textos do organizador.
Todas as edições de outras editoras tiveram origem nas da Ática. P.F. comenta as incorrecções de alguns poemas e erros dos editores, como a da Publicações Anagrama, do Porto. Dá o exemplo de outras bem organizadas, mas também baseadas nas de J.C.O., seguindo as suas lições e leituras. São elas a da Publicações Europa-América, organizada por António Quadros, em 1988, e a da Adriática, publicada em Bari, por Bárbara Spaggiari, em 1983. Seguem-se comentários críticos, fundamentados, à organização destas edições, e há uma chamada de atenção para o facto de, na publicação de Bari, a investigadora, supostamente, não ter tido acesso aos autógrafos de C. P. na Biblioteca Nacional de Lisboa, e ao Arquivo Histórico de Macau. Em nota explicitam-se as opções de A. Quadros referentes a vários versos e dão-se exemplos de erros de transcrição, assim como se refere o aspecto de a pontuação de Pessanha ser claríssima, e de J.C.O. ter produzido absurdos que depois foram continuados nestas edições.
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(Continua)

































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