II. 1.1. A lista dos poemas a recolher para a Clepydra.
Na edição de 1945, J.C.O., apresentou "uma lista de poemas, dividida em sonetos e «poesias», que teria sido elaborada por Pessanha por ocasião do seu regresso definitivo a Macau". P. Franchetti enumera, cuidadosamente, os poemas e diz das probabilidades, certezas e incertezas das informações sobre a sua origem. "Teria existido realmente essa lista?"... "Seria documento autógrafo de Pessanha?" O facto é que "tal lista não se encontra entre os papéis hoje depositados na Biblioteca Nacional. Ou melhor, não se encontra na forma em que foi descrita por Castro Osório." Porque P. Franchetti conclui que, "Camilo Pessanha deixou de facto escrita em 1916, uma relação de poemas, de que hoje resta apenas um fragmento." As suas investigações localizaram-na, em 1991, embora não estivesse registada no inventário do espólio. Descreve a «procuração» deixada em verso, por C.P. a Ana de Castro Osório e o respectivo fragmento de que não tem a certeza ter pertencido "à famosa lista".
Muitas foram as fontes e o que mostram, é a impossibilidade de determinar se a edição de 1969, corresponde "à intenção do poeta".
II. 1.2. As indicações nos autógrafos para a Clepsydra de 1920.
Neste ponto, P. F. continua a trabalhar todos os dados, para apurar uma possível base científica em que apoie a sua edição crítica. Conclui que "não há como saber o que Pessanha teria dito a Castro Osório. Mas há sim, hoje, como saber o que ele deixou por escrito. E o que deixou é bastante para, pelo menos, nos mostrar o que não disse." Volta a explanar sobre a questão e a contradizer J.C.O. e a própria editora de A. Desrespeitaram "as únicas indicações de sequência que Pessanha deixou registadas nos autógrafos de 1916."
Com a transparência que deve nortear uma investigação, P.F. diz ao leitor que "na verdade, são poucas as informações de Castro Osório em que nos podemos fiar descansadamente. (...) Se é certo que ele contribuiu muito para divulgar a obra de Pessanha, também não o é menos que com ela tomou liberdades excessivas."
Por esse motivo, considera P.F. que poderá "sem temor de incorrer em improbidade, buscar uma nova forma de ordenação dos poemas conhecidos de Camilo Pessanha."
II.2. A ordenação dos poemas de Camilo Pessanha neste trabalho.
Uma vez que às edições de B e D não há como reconhecer autoridade na sua reordenação, e isso parece claro a P.F., este interroga-se, em seguida, até que ponto a edição A terá reflectido a vontade de C.P.. Uma nova edição deveria apresentar, em separado e na mesma ordem, o conjunto de poemas da edição A? Seria ela, fiel à vontade do poeta?
A favor desta tese "há uma carta de Pessanha, datada de três de Junho de 1921, endereçada a Ana de Castro Osório: (...) «não quero deixar de agradecer-lhe, penhoradíssimo, a publicação da esquecida Clepsydra, e os cuidados da disposição (que é como eu próprio a faria) e da ortographia. (...) Acredite que foi das mais doces commoções da minha vida e da minha surpreza, ao ver assim evocada e acarinhada deante dos meus próprios olhos a minha pobre alma - ha tantos annos morta...»"
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(Continua)
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