Contra esta hipótese, P.F. apresenta todos os indícios da carta de Pessanha ter sido de mera cortesia. Segue-se uma entrevista de A.C.O. ao Diário de Lisboa, de 21/4/1921, em que, a editora de A, "não enfatizava qualquer participação de Pessanha na ordenação" de A. Nas páginas que se seguem P.F. apresenta todas as dúvidas que se lhe colocam e, para as suas interrogações, vai sempre encontrando respostas hipotéticas, mas fundamentadas. Uma carta a José Pessanha, de 1888, uma crítica de C.P. a um livro de poemas de António Fogaça, onde refere que lhe faltaria "um desenho geral e coerente", a opinião de Esther de Lemos, outro trabalho de António Falcão R. de Oliveira, etc.
Por fim reafirma a sua tese de que "a ordenação dos poemas é um problema sem solução," uma vez que não há nada que confirme que a organização do livro se devesse à vontade do poeta, ou "pelo menos quanto à ordenação de alguns poemas." Não considera, por isso, que a única edição em vida de Pessanha seja a lição a seguir, "mesmo havendo um documento autógrafo a sancioná-la." E a solução de apresentar a edição A e depois os «Outros poemas» também não o satisfaz.
Parece-lhe "mais correcto e adequado observar, na ordenação dos poemas, apenas as orientações indubitavelmente atribuídas a Pessanha." Quanto ao nome a adoptar, para a actual edição crítica, será Clepsydra. As peças serão colocadas "pela cronologia dos textos, segundo os seguintes princípios:
A) quando for conhecida a data da composição da primeira versão do poema ela terá precedênca sobre as datas da revisão...
B) textos que trazem apenas indicação do ano serão antepostos aos datados do mesmo ano, mas com a indicação do mês;
C) quando não se conhecer manuscrito, nem houver registo confiável da data da composição, os textos virão ordenados pela data mais remota em que foram mencionados ou, na falta de qualquer registo, pela data da primeira publicação.
D) quando tiverem a mesma data, os textos virão dispostos por ordem alfabética de título ou primeiro verso."
Está traçado para o leitor o método utilizado e a escolha feita pelo editor P. Franchetti. Este, frisa ainda que "os poemas virão a seguir dispostos sem outro critério que não seja a frágil cronologia possível, mantidas apenas, no nível temático as indicações sequenciais presentes nos autógrafos de 1916."
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(Continua)
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