Cada um por seu lado!... Eu vou sozinho.
Camilo Pessanha
Cessai de cogitar, o abysmo não sondeis.
Camilo Pessanha
Ó meu coração torna para trás,
Donde vais a correr, desatinado?
Camilo Pessanha
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"Bien sûr, que je crois avoir le droit, de mon côté, a la critique de la critique...
... excusez le parfum kantien de ce que je prétends là." (1)
Aragon
INTRODUÇÃO
Alberto Blecua, no seu Manual de Crítica Textual, chama a atenção para o facto de, durante os séculos XIX e XX, a transmissão da obra literária se ter desenrolado de forma completamente distinta dos séculos anteriores. Refere que o espectacular avanço da imprensa, as suas novas técnicas, o surgimento do escritor profissional, que se torna também jornalista, o aumento do público leitor e a sua consequente diversidade, são, no seu conjunto, factores novos, que incidiram de forma determinante na criação e na transmissão da obra literária. (pp.227)
À oportunidade de publicar nos jornais periódicos aliaram-se as mais variadas dificuldades, uma vez que surgiram novas questões a resolver. Uma delas foi a do limite de tempo que o redactor tinha para a montagem do periódico, outra foi a do espaço a que teve de se cingir. Outras, ainda, tinham que ver com questões ideológicas e com a atenção aos diversos públicos que os jornais pretendiam atingir. Tudo isso originava que a criação artística fosse substancialmente afectada. Os textos deveriam limitar-se a ser breves. A correcção das provas nem sempre era a mais rigorosa e a precipitação da entrega dos originais e da sua publicação, levava a que surgissem os mais diversos erros. Daí a necessidade dessa «grande arte nova», como Aragon chamou à pesquisa, averiguação ou procura que buscava o apuro, o esmero, a verdade do que o poeta escreveu. Contudo, ele também se arroga o direito de criticar a própria crítica textual. É o que vai, igualmente, fazer António Barahona, ao fixar o texto que escolheu como o mais fidedigno para esta edição que nos propomos trabalhar. Vai apontar os "erros" que encontrou em outras edições da Clepsydra e dizer de sua justiça.
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(continua) p. 1
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