segunda-feira, 23 de abril de 2012

Alfazema

Os plátanos ensombravam o meio-dia de nuvens branco-cinza. A chuva fazia aparições esparsas e o sol sorria tímido fazendo-se prometido.
Corria o dia, mais um dia de Julho outonal em verão de espera. As águas dormiam serenas, no Letes do esquecimento, por entre os arcos da ponte. Breves gorjeios galegos enfeitavam as ruas moribundas. Era a hora das graças pelo pão concedido. Os sinos badalavam na capela de Santo António. Toda a vila repousava no odor de alfazema e do louro altivo.
Os bancos dos jardins esperavam por carícias ternas e arrumavam-se em cantos inesperados. Os pardais e as andorinhas porfiavam os zéfiros que lhes levavam as sementes apetecidas.
Um copo de branco adamado dava-nos o sabor de Ponte de Lima e Baco brincava entre nós às escondidas.
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18/07/01

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