quinta-feira, 26 de abril de 2012

ANCESTRAIS

Fazia parte da ordem do mundo, ordem essa que permitiu entre o século XVI e XIX a deportação de onze milhões de africanos para o Novo Mundo sendo que quatro milhões foram para o Brasil. A vontade de pôr a descoberto essa escondida realidade, levou a que historiadores penetrassem na "memória do que foi a terrível rota dos negreiros" e mostrar, sem medo, todas as "tragédias ocultas jamais explicadas e não assumidas." Fazia-se luz sobre o negro passado e distinguia-se entre a "casa da vida," o berço, a África, - e o "país da vida," o Brasil, terra onde se cumpriu o degredo.
Da "Ile Ayé para Ilú Ayé (da casa da vida para o país da vida) os africanos, mesmo no meio do inferno que sofreram, mostraram que a cultura é uma força viva que se enlaça como uma hera, ao próprio tronco do pelourinho, ou o tronco em que foram açoitados, mortos, para viverem eternamente. A nova civilização tinha o cunho da África "ad eternum", nas ideias, valores, saberes e tradições que estes homens, mulheres e crianças transportaram de "Ilé Ayé". Davam "à luz novas e plurais formas de culturas e de identidades." Daí a importância de "compreender como viviam estes ancestrais antes da diáspora, da travessia da "Calunda Grande", o temeroso e mortal Oceano Atlântico. Porque é importante, concluem os autores, que os brasileiros  conheçam e reconheçam o seu passado, uma vez que ocultá-lo, segundo "as palavras de Ibrahima Baba Kaké, é um crime - e dos maiores - contra a humanidade."
Ao finalizar esta introdução, queremos acrescentar que a sinopse que pretendemos fazer a este livro não será exaustiva e que privilegiaremos alguns capítulos, excertos, temas e países, como por exemplo o Congo e Angola.
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(continua)
  

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