quarta-feira, 9 de maio de 2012

Ancestrais - O Berço Africano

Lançou impostos, impôs mudanças ao tráfico de escravos, fez com que aterrorizassem as caravanas dos pombeiros, e concentrou nas suas mãos todo o comércio de escravos, da imensa região que ia da Matamba até ao alto Cuanza. O seu enorme poder adveio de se ter tornado na maior vendedora de escravos da região. Então, como era inimiga dos portugueses, quando chegaram os holandeses a Luanda em 1641, apoiou-os de imediato. Nesse mesmo ano, Garcia II tornava-se rei do Congo, e juntava-se aos holandeses, apesar de ter estabelecido uma aliança com o Vaticano que dificultava o avanço dos portugueses. Por sua vez, os povos da região obtinham armas e pólvora vendidas pelos holandeses, o que os portugueses não faziam. A mercadoria mais cobiçada - os escravos - tinha novas formas de pagamento e melhores rendimentos.
Esse bom entendimento levou a que uma embaixada africana fosse ao Recife, levar a Nassau, governador holandês, questões pendentes entre Manicongo e um seu soba, o Conde de Soio. Nassau terá recebido de presente 200 escravos e uma bacia de ouro. O cronista Barléus informa que o manicongo recebeu em troca "um manto comprido, todo de seda, com fímbrias de ouro e de prata, uma banda, um gibão de cetim, um chapéu de pele de castor, com cordão entretecido de ouro e de prata. Ao conde de Soio foi oferecida uma cadeira estofada de cetim vermelho, com franjas de ouro e prata; um manto muito comprido de cetim variegado, uma túnica de veludo e também um chapéu de pele de castor." Haverá, segundo Barléus, uma segunda embaixada que ele descreve com minúcia. O mesmo historiador holandês conta que nessa primeira metade do século XVII «o rei do Congo se ufana com estes títulos e denominações: Mani Congo, por graça de Deus, rei do Congo, de Angola, de Matamba, Ocanga Cumba, Lunda, Zura; senhor do ducado de Buta, Suda, Bamba, de Amboíla e suas províncias, senhor do condado do Soiho, Angola e Cacongo e da monarquia dos Ambondaras e do grande e maravilhoso rio Zaire.»
Em 1640, quando Portugal volta aos seus domínios, vira-se para Angola e "António I Manimulusa do Congo foi derrotado em 1665. Em 1671, o último vestígio do Ndongo foi conquistado e cerca de 1680 a paz foi imposta a Matamba, Kasange e aos chefes do Sul do médio Cuanza." 
"Em Angola, o tráfico foi organizado pelos brasileiros que forneciam capital, navios e mercadorias europeias e agiam em aliança com os organizadores de caravanas e os traficantes afro-portugueses. (...) Assim começou o grande tráfico que atingia a sua maior amplitude no século XVIII."
________________________________
(continua)  

Sem comentários:

Enviar um comentário