quarta-feira, 30 de maio de 2012

V - Salvador Correia de Sá e Benevides

O governador Diogo Luís de Oliveira mostrou-se um grande organizador da defesa, pois Piet Heyn voltaria a tentar entrar na Baía, em 1626 e por mais duas vezes, em 1627, onde viria a ser derrotado, depois de ter capturado e afundado alguns navios portugueses. Este almirante holandês, quando navegava ao largo da costa brasileira, capturou uma caravela do Rio de Janeiro e interrogou insistentemente a tripulação e os passageiros acerca da situação geográfica e económica do Rio.
Quando os prisioneiros foram libertados, contaram a Martim de Sá que o almirante se tinha mostrado amargamente vexado com a derrota que tinha sofrido em Espírito Santo às mãos de Salvador Correia de Sá e Benevides, onde tinha sido ferido com uma seta e uma bola de mosquete. Martim de Sá contou este incidente em Lisboa, para insistir na necessidade de se fortificar o Rio de Janeiro, porque, obviamente, os holandeses o tinham debaixo de vista. Estas notícias seriam confirmadas por Salvador quando regressou à metrópole, pelos anos 1627/28.
O historiador holandês, Wassenaer, afirmou que as "depredações" de Piet Heyn e outros holandeses no Atlântico Sul, reduziram a navegação portuguesa a uma condição tão precária, que, em dois anos, só o porto de Viana do Castelo tinha perdido 26 dum total de 29 navios utilizados no comércio do Brasil. (Boxer, pp.65) Este episódio dá-nos, hoje, a ideia da coragem de Salvador Correia de Sá e Benevides e dos perigos e dificuldades que enfrentou no Atlântico.
«Nenhum português, melhor do que ele, cursou conquistas e navegações na grande escola portuguesa dos séculos XVI e XVII. (...) Raro é o ano, desde 1615 até 1681, em que o seu nome não sobressai na crónica dos feitos memoráveis da colonização portuguesa do Brasil e de Angola, ou na obra do Conselho Ultramarino.» (Norton, pp. 27/33)
Sabemos que o general D. Juan de Benevides Y Bazan não conseguiu combater e resistir à captura da sua frota carregada de prata, ancorada no porto cubano de Matanzas. Regressava do México, quando Piet Heyn o atacou, em 1628. Os holandeses e a Companhia das Índias Ocidentais, obtinham assim, pelo saque, uma fortuna que lhes iria permitir uma nova invasão ao Brasil dois anos mais tarde. Este general espanhol viria a ser condenado e publicamente decapitado em Cádis, em 1634 (Boxer, pp.66)
Não se sabe se Salvador partiu para Lisboa logo a seguir à reconquista da Baía. Alguns historiadores dizem que provavelmente regressou a Portugal com o navio "Nossa Senhora da Penha de França", incorporado na Armada de D. Manuel. No entanto, Clado de Lessa, apoiado em Varnhagem, diz-nos que em 1630 estaria em Portugal onde, dois anos mais tarde, receberia a notícia da morte de seu pai, Martim de Sá, governador do Rio de Janeiro. Contudo, Boxer escreve que há indicações de que Salvador visitou Madrid em 1626 ou 1627. Os seus serviços na campanha foram recompensados por uma comissão de serviço, datada de 5 de Fevereiro de 1628, nomeado alcaide-mor do Rio de Janeiro "para todos os dias da sua vida." Estreitavam-se assim os laços que ligavam esta família ao Rio de Janeiro e a Portugal.
______________________________
(continua)     

Sem comentários:

Enviar um comentário