sexta-feira, 25 de maio de 2012

IV Martim de Sá - Governador do Rio de Janeiro

Aos aspectos económicos juntou-se, novamente, uma política administrativa de divisão de governos. A partir de 1608, as capitanias do Norte são governadas por Diogo de Menezes e as do Sul por Francisco de Sousa. Quando, em 1612, Gaspar de Sousa substituiu Diogo de Menezes, um novo governo reunificado, trazia ordens imperiosas para colonizar o litoral norte do Brasil que começava a ser invadido por holandeses, ingleses e, sobretudo pelos franceses que se tinham enraizado e fortificado na região.
Durante todo o período de vida activa como governador do Rio de Janeiro, Martim de Sá irá partilhar desta situação. Do Rio é que foram muitas vezes navios carregados de alimentos e homens para ajudar na expulsão dos franceses e holandeses. Jacques Riffault quis apossar-se do Maranhão e aí deixou Charles Desvaux enquanto conseguia em França o apoio de Henrique IV. O rei, entusiasmado, enviou Daniel de La Touche, senhor de La Ravardière, para recolher informações, que foram das melhores. Entretanto, após o assassínio do rei francês, Maria de Médices, Regente na menoridade de Luís XIII, envia três navios de guerra: La Regente, La Charlott e La Saint'Anne, com mais de mil homens e alguns religiosos capuchinhos. Entre eles encontravam-se Cláudio D'Abbéville e Yves D'Eveux que, mais tarde, escreveriam a história da expedição. Iriam dar-se violentos combates e, entre armistícios e derrotas, os franceses foram expulsos em 1 de Novembro de 1615 depois de assinarem a capitulação.
A França Equinocial sairia malograda, tal como a Antártida, no Rio de Janeiro em 1567. Esta difícil guerra veio demonstrar aos portugueses dois aspectos relevantes: o primeiro, é que não bastava conquistar territórios: era necessário povoá-los; o segundo, era a demonstração de que os índios poderiam submeter-se sem ser pela escravidão e a violência como faziam, por vezes, os portugueses, mas sim, pela acção pacífica e pela benevolência, como fizeram os franceses. (O facto é que ainda,  em 2004, possuem território ultramarino, no Brasil.)
Martim de Sá, tal como os seus antepassados, continuava a assistir à invasão do Brasil pelas cobiçosas nações estrangeiras. O seu filho também irá ajudar nestas lutas que opunham portugueses a holandeses porque, de facto, Madrid deixava quase ao abandono a colónia. Quando em 1621 se funda a Companhia das Índias Ocidentais, com um capital de dezoito milhões de florins, os holandeses cobiçaram o Brasil.
Piet Heyn, Albert Schouten, Johan Van Dorth conseguiram tomar a Baía, a 11 de Maio de 1624, ao governador D. Diogo de Mendonça Furtado. No entanto, "o Coronel Von Dorth, foi emboscado e morto por um grupo de índios, ficando o seu corpo selvaticamente mutilado. Este grupo de índios era comandado pelo português Francisco de Padilha". (Boxer, pp.54) (1)
Como inicialmente, os moradores ficaram assombrados e receosos, abandonaram a cidade; "o Bispo, D. Marcos Teixeira deu o admirável exemplo de ficar, mas depois de uma inspirada liderança de guerrilhas durante cinco meses, morreu esgotado pelos seus esforços." (Boxer, pp.54/55) Os holandeses, cientes da vitória, resolveram levar até outros portos do Sul a maioria da esquadra. Alguns navios partiram para a Europa com os saques.
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(continua)     

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