segunda-feira, 21 de maio de 2012

Salvador Correia de Sá (O Velho) - Governador do Rio de Janeiro

O avô de Salvador Correia de Sá e Benevides, que iniciou no Rio de Janeiro uma verdadeira dinastia, com breves interregnos, em poder, riqueza e iniciativa, nasceu em Vila Nova de Famalicão, ou em Barcelos, conforme outros autores, na quinta de Pena Boa, em 1547.
Salvador Correia de Sá começou a sua vida oficial no Brasil como tantos outros colonos, com uma Carta de Sesmaria. E foi como sesmeiro da ilha do Gato que a partir de 4 de Março de 1568 e até 1571, se tornou governador da nova cidade do Rio de Janeiro. Deixava de ser sesmeiro para ele mesmo atribuir as Cartas de Sesmarias a outros colonos, uma vez que a emigração ibérica continuava a ter como principal "mobile" a posse de terras e uma mão-de-obra imediata nos índios, ou nos escravos africanos que depressa faziam enriquecer os que chegavam. Os colonos iam com intenções diferentes: uns para enriquecer, outros para ficar e permanecer, no entanto, até 1560 quase todos pretendiam voltar à metrópole.
Assim, com uma política de atribuição de Cartas aos sesmeiros, - logo no primeiro ano de governo distribuiu vinte e uma -, conseguiu atrair muitos moradores. A cidade desenvolveu-se e Salvador Correia de Sá estabeleceu um núcleo urbano que assume primazia com o seu próprio bispado. Ainda em 1568, teve de fazer guerra a quatro naus francesas em Cabo Frio, mas com a ajuda dos Tamoios, e de Araribóia, deu-se o ataque e a posse do recheio das naus, que surpreendeu tudo e todos. As naus transportavam artigos de luxo, desconhecidos dos moradores e dos índios, que vestiam, com alegria, as roupas e desfrutavam do saque.
Os engenhos do açúcar em grande desenvolvimento e a produção de aguardente iriam facilitar a ligação a Angola e a compra de escravos, cada vez mais necessários. Na mão-de-obra escrava estava a promessa do desenvolvimento do Brasil. O Rio de Janeiro assumiria um papel importante no tráfico, inclusive como fornecedor das minas de ouro de Potósi das colónias espanholas.
A Colónia brasileira, segundo Serafim Leite, desenvolveu-se culturalmente porque em 1575, atribuiram-se os primeiros graus de Bacharel em Artes. "Foram os primeiros a que ninguém até ali tinha subido no Brasil, desde todos os séculos." E diz-nos que, em 1598, havia no Colégio da Baía um curso de Artes com 40 estudantes. Os Jesuítas tiveram a seu cargo a educação e a cultura, uma vez que só mais de 30 anos depois de terem ido para o Brasil é que vieram a estabelecer-se outras ordens. A seguir a 1580 vieram os Beneditinos, os Franciscanos (agora de modo fixo), e os Carmelitas.
Com uma breve interrupção, Salvador Correia de Sá assumiu um segundo governo da capitania em 1577 (que irá até 1598) quando, nesse mesmo ano, o Brasil voltava a ter um único governador, D. Luís de Brito. Antes, em 1573, o governo da Colónia tinha sido dividido por dois governadores. As capitanias do Norte, a partir do Espírito Santo, até à Baía e S. Salvador, ficaram sob a alçada de Luís de Brito e as restantes do Sul, foram governadas por António Salema com sede no Rio de Janeiro. 
Viveram-se durante estes anos verdadeiros perigos, pois os Tamoios, instigados pelos vários franceses que tinham ficado a viver entre eles, revoltaram-se. A. Salema organizou uma bandeira com mais de mil homens bem armados, comandada por Cristovão de Barros, e fizeram-lhes guerra. Para além de imensos mortos, os índios foram submetidos à escravatura num número para cima dos dez mil. Todos os que conseguiram escapar foram para norte e refugiaram-se nas margens do Amazonas.
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(continua)     

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