sexta-feira, 18 de maio de 2012

II Estácio de Sá - A fundação da cidade do Rio de Janeiro

Quando a prosperidade da colónia parecia desenvolver-se, os índios, instigados pelos franceses, reuniram-se  na célebre confederação dos Tamoyos, planeando arrasar a cidade de S. Paulo. Apenas os índios de João Ramalho, Tibiriçá e os seus mamelucos se  conservaram fiéis aos portugueses. A rebelião dos naturais alastrava por toda a colónia, povoações inteiras eram incendiadas e a situação era cada vez mais aflitiva. Nesta ocasião a abnegação dos jesuítas pôde mais que os recursos dos portugueses.
Nóbrega e Anchieta dirigiram-se aonde estavam reunidos os chefes indígenas e com grande dificuldade conseguiram um armistício. Anchieta ficou como refém e partiu Nóbrega com as condições de paz. Estas foram aceites e voltou a firmar-se a paz definitiva, obrigando-se os índios a retirar para os sertões do Oeste e os portugueses a respeitar a sua tranquilidade.
Havia novamente epidemias que alastravam e ficaram tristemente célebres. A que viria a ficar assinalada como a mais grave, pois "morreram 30.000 pessoas no espaço de dois ou três meses" foi a da varíola em 1563. Outra foi a de bexigas em 1597.
Também nestas situações eram os padres que valiam às populações. Anchieta conta na "Carta annua" de 1581 que numa epidemia que durou três meses, chegavam a morrer nas aldeias 5 pessoas por dia. Serafim Leite narra que os padres não descansavam e que, nestas ocasiões, nisso gastavam a vida. A fundação das Misericórdias era, por isso, quase coeva da fundação das cidades, defende o mesmo, porque onde quer que os portugueses se instalassem as fundavam. "Aliás consta que a Misericórdia do Rio de Janeiro já existia, pelo menos, desde 1570."
Em fins de 1564, Estácio de Sá, sobrinho do governador, chegou ao Brasil com os reforços pedidos. Esteve em S. Vicente e poucos dias depois fundou, junto do Pão de Açúcar, na praia vermelha diz-se, uma povoação. O Bispo D. Pedro Leitão, testemunha ocular, afirma porém, que essa povoação se fundou na ilha Carioca.
Enquanto aprontava a esquadra, Nóbrega convidou-o a visitar as casas jesuítas em S. Vicente e S. Paulo e apresentou-lhe os índios principais, sendo que "a maior parte dos índios que a armada levou consigo a povoar o Rio" eram discípulos de Piratininga.
Durante dois anos houve uma guerra de guerrilhas, inútil, porque Estácio de Sá apenas conseguiu manter as posições estabelecidas: Decidiu então Mem de Sá partir para o Rio, onde chegou a 18 de Janeiro de 1567, com três galeões, dois navios costeiros e três caravelões e ainda outras forças vindas de S. Vicente.
Em 20 de Janeiro, enquanto Mem de Sá atacava o forte de Coligny, Estácio de Sá fazia por terra o assalto ao forte de Uruçu Mirim, na foz do rio Carioca, forte que rapidamente tomou. Os franceses retiraram para a ilha de Paranapeçu (do Governador), onde foram derrotados novamente e tiveram de abandonar aquelas paragens onde tinham vivido 12 anos.
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(continua)

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