segunda-feira, 28 de maio de 2012

V- Salvador Correia de Sá e Benevides

Quando Filipe III se deslocou pela primeira vez a Portugal para, em Lisboa reunir cortes, corria o ano de 1619. Apesar de ser recebido com um enorme espectáculo de arcos triunfais "em louvor dos heróis portugueses, das nações estrangeiras, dos mercadores e dos ofícios mecânicos," (Serrão, pp.24) o estado do país era de pobreza e de situação financeira grave. Os moradores, ao serem desalojados das suas casas para se instalar o seu séquito, protestaram, houve conflitos, e o Senado apresentou um protesto ao Rei. Era evidente que, apesar de alguns nobres se arruinarem para o receberem com pompa, o povo aumentava o seu desejo de autonomia.
Por esta data, sensivelmente, regressava de Lisboa Martim de Sá, e, com ele, vinha Salvador, que, ao aportarem na Baía, receberam o convite do governador D. Luís de Sousa, para visitarem as minas de Itabayana, em Sergipe. O seu interesse pelo desenvolvimento mineiro nunca iria esmorecer, tal como tinha acontecido com o seu avô e pai que viriam a prosseguir os ensaios dos metais em S. Paulo.
Pouco depois de Filipe III deixar Lisboa, Salvador Correia de Sá e Benevides comandou um comboio de trinta navios, carregado de produtos do Brasil, de Pernambuco a Lisboa. A colónia alimentava, partilhava, já então, as suas riquezas com Portugal. Iniciavam-se para Salvador, as suas responsabilidades de comando e grandeza em prol do Portugal da Idade Moderna. Porque, mesmo apesar do facto de o Brasil ter jurado solenemente, em 25 de Maio de 1582, na Baía, a realeza de Filipe II de Portugal, quando os holandeses, ingleses e franceses começaram a quebrar a política do "Mare Clausum" e a ocupar a sua costa, os colonos, os missionários, alguns dos governantes e a população em geral, continuaram a reagir como portugueses.
Em 1624, quando os holandeses se apoderaram da Baía, organizou-se a resistência, pediram-se reforços ao reino e às outras capitanias. Esse reforço mostra bem as dificuldades que Portugal vivia debaixo da alçada dos espanhóis. Salvador Correia de Sá e Benevides, que estava na metrópole, regressa ao Rio, como comandante, partindo de Lisboa a 19 de Agosto de 1624, com um único navio, de apoio à Baía, o "Nossa Senhora da Penha de França." Levava oitenta homens e uma pequena quantidade de armas.
Chegado ao Rio, o seu pai, o governador, mandou-o para a capitania meridional de S. Vicente, para arranjar homens e mantimentos para os sitiados da Baía. Ele alistou um total de cem índios e oitenta brancos, aqui e no Rio, com os quais partiu para o Norte em duas caravelas e seis canhoneiras grandes, no princípio de Fevereiro de 1625. Na sua viagem pela costa, entrou no Espírito Santo, onde em 11 de Março, foi surpreendido pela aparição de quatro navios holandeses ao largo da barra. (Boxer, pp.57) Este navios eram comandados por Piet Heyn, que andava ao corso, depois de se terem gorado os seus objectivos, de se apoderar do depósito português de escravos, em São Paulo de Luanda e em Benguela.
Aí, Salvador teve o "baptismo de fogo" com os holandeses. A 13 de Março, Piet Heyn fez uma tentativa de desembarque e não conseguiu. No dia seguinte voltou a tentar e foi um desastre. Salvador, emboscado, frustrava-lhe qualquer tentativa. A 15 de Março, enviou a terra um grupo com uma bandeira a pedir tréguas, para tentar resgatar um prisioneiro que os portugueses teriam, e pedindo frutas e vegetais como reconhecimento por ter tratado bem os jesuítas que caíram nas suas mãos na Baía. Os portugueses recusaram e o holandês resolveu desistir e partir. Tinha perdido, nesses ataques ao Espírito Santo, mais do dobro dos homens dos que a força expedicionária holandesa perdeu na tomada da Baía. (Boxer, pp.58/59)
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(continua) 

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