segunda-feira, 14 de maio de 2012

O Contributo da Família dos Sás para o Portugal da Idade Moderna

Em Maio de 1501 saiu a primeira expedição de reconhecimento que iria percorrer grande parte do litoral do Brasil desde o Cabo de S. Agostinho até ao porto de S. Vicente. Os navegadores foram dando os nomes de santos, conforme o dia do calendário em que avistavam as terras. O nome do Rio de Janeiro foi talvez porque ali chegaram a 1 de Janeiro de 1502 e por suporem que a Baía de Guanabara fosse um rio. Cinco dias depois de avistarem o Rio de Janeiro, a frota ancorou numa bela enseada e, como era dia de Reis, puseram-lhe o nome de Angra dos Reis. No dia 22 de Julho de 1502, a primeira expedição enviada ao Brasil entrava em Lisboa.
Em Agosto de 1502 Américo Vespúcio, que integrava a expedição de Gonçalo Coelho, escreveu a Lorenzo de Medici a narrar a viagem. Esta carta, soube-se mais tarde, foi arquivada no Códice Strozziano, na biblioteca de Florença. Assim, o nome do novo continente - América - terá tido origem no nome do autor desta carta.
Logo a partir de 1508, os franceses rondaram as costas do Brasil. No início do século XVI, as cidades de Dieppe e Rouen tornavam-se os maiores pólos da indústria têxtil da França. Os seus portos misturavam uma longa tradição de pirataria com a intensa procura de corantes naturais para a indústria local. A esses factores juntava-se o facto de a França e a Inglaterra se recusarem a aceitar o Tratado de Tordesilhas. Ao Mare Clausum opunham o Mare Liberum. Por isso, os franceses decidiram enviar os seus navios para o Brasil. Numerosos aventureiros de todos os países partiam na mira dum tráfico rendoso, sobretudo do pau-brasil.
Francisco I de França, conhecido como um dos primeiros reis absolutistas, quando subiu ao trono em 1515, tratou de romper com todos os tratados e acordos de paz com Portugal. Isso permitia-lhe passar cartas de corso, para os corsários poderem actuar no aprisionamento dos navios com carga, vindos do Brasil, ou mesmo irem buscar as mercadorias à origem.
A morte de Fernando de Aragão levou ao trono de Espanha um dos netos de Francisco I, que era arquiduque da Áustria. Carlos I, de Espanha, foi aclamado imperador, passando a chamar-se Carlos V e tornou-se senhor das colónias da América, Flandres, Áustria, Alemanha e parte da Itália. Com as fronteiras ameaçadas, Francisco I decidiu, em 1521, atacar Milão e fazer a guerra contra Carlos V. Esta guerra, que seria longa, iria endividar a França. Nesse mesmo ano, em 1521, morre D. Manuel I e D. João III sobe ao trono. O Brasil tinha sofrido muitos anos de quase abandono, o que permitia o saque das suas riquezas; por isso, D. João III, que tinha casado com D. Catharina da Áustria em 1525, decide mandar preparar uma armada comandada por Cristhovão Jacques. Dava-se assim o início da fundação das feitorias e pensava-se mais seriamente na colonização do Brasil. Partiu a armada em 1526 e durante três anos foram fundadas as feitorias de Itamaracá e de Pernambuco. Chegaram até ao rio Solis, no sul.Voltaram ao norte e, na Baía de Todos os Santos, tiveram o primeiro encontro com três navios franceses que tiveram de combater, aprisionar a tripulação e afundá-los. Esta situação iria verificar-se ao longo de muitos anos e a intervenção da família dos Sás no Brasil iria ficar, para sempre, ligada à expulsão dos franceses do Rio de Janeiro, onde chegaram a permanecer 12 anos, embalados no "sonho" da França Antárctica. Em 1529, Francisco I de França fazia a paz com Carlos V, pelo Tratado de Cambrai. Contudo, apesar de ter feito um acordo com D. João III, em Janeiro de 1530, e de se ter comprometido através do comandante da marinha francesa, Philippe Chabot, em castigar as acções dos piratas normandos, Francisco I ignorou o acordo e continuou a conceder autorização legal, ou "carta de corso" a um conhecido corsário, Jean Ango, para interceptar e saquear os navios portugueses. Francisco I não aceitava o Tratado de Tordesilhas e defendia o princípio da liberdade dos mares. Este conflito permanente levou a que D. João III assinasse o Tratado de Lion (1536) que serviu de prólogo à reunião dos juízes das duas nações que decorreu em Baiona, de 1537 a 1544, e pôs fim ao primeiro período de assédio dos franceses ao Brasil.
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(continua)

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