Oito anos depois, com a chamada "Lei da Rolha" (6), imposta durante o Governo Cabralista, origina grandes protestos de escritores e homens da comunicação, assim como vários tipógrafos, e alguns do Porto advertem a Rainha de que "a proposta de lei apresentada às Côrtes pelos ministros (...) equivale à suspensão da imprensa portuguesa." (7).
"Esta lei triplicou o depósito monetário necessário para iniciar uma publicação e proibiu até os jornalistas de venderem à noite. Revogada a lei, em 1851, viveu-se um novo período da história dos meios de comunicação portugueses que durou até 1890. Aumentam, assim, as publicações, apesar de terem uma tiragem reduzida e quase inteiramente limitada às áreas urbanas. Eram uma imprensa elitista e vista como uma tribuna para influenciar e não para informar o público. (...) Foi no meio desta imprensa retórica partidária que Eduardo Coelho lançou o seu Diário de Notícias em 1867." (8) Verifiquei, assim, que este jornal popular, que visava unicamente "interessar a todas as classes, ser acessível a todas as bolsas e compreensível a todas as inteligências", como, no editorial escreveu o seu autor, estava então a par do que se fazia em França pelo mesmo ano a venda de um jornal a um preço mínimo, de modo a atingir um grande número de pessoas. Então, surge uma pergunta: porque é que o nosso País se distanciou tanto da França em questão de informação livre e de qualidade? Só encontrei resposta novamente na censura, que veio ensombrar parte da nossa história em várias etapas, e uma última, de longa duração, responsável talvez pelo atraso na divulgação cultural, pelo pouco gosto da leitura e pelo analfabetismo que continuamos a viver, quase em pleno século XXI, em relação aos outros países da Europa. Verifiquei, assim, que "em 1904 as autoridades policiais assaltavam vários jornais republicanos...(...) em 1907 é aprovada (...) nova lei da imprensa, (...) que preconizava: censura prévia, suspensão de publicação e arresto administrativo."
Com a deposição da Monarquia, "e após os jornais terem desempenhado um papel fulcral como arma revolucionária dos partidos da República, (...) uma nova lei de imprensa era publicada, em 1910. Com a entrada de Portugal na I Grande Guerra Mundial, em 1914, a liberdade de imprensa vai sofrer novas restrições, (...) reforçadas, em 1917/18, com novas medidas censórias. Em 1919, com o assassinato de Sidónio Pais, as liberdades de imprensa foram restauradas, após o que só tornaram a ser restringidas durante dois meses, em 1925, por causa de uma intentona para derrubar o Governo. Logo após os militares intervirem na política, em 1926, a censura é reinstaurada, e a primeira lei de imprensa, de 5 de Julho de 1926, autorizava a apreensão de jornais." (9)
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Notas:
(6) ; (8); (9) - K. AGEE, Varrem e TRAQUINA, Nelson, O Quarto Poder Frustrado, pp. 30/38/39/ 40.
(7)- RODRIGUES, Graça Almeida, Breve História da Censura Literária em Portugal, pp. 62.
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