quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O TEATRO - Sua influência no imaginário colectivo e nos ideais estéticos portugueses.- (Conclusão)

O Teatro, arte directa e imediata por excelência,
não pode conceber-se sem o público ao qual
se destina a obra que,  para ele um poeta imaginou, 
actores interpretam e um encenador animou
sobre as tábuas  de um palco.
Luís Francisco Rebello

CONCLUSÃO

Ao concluir este trabalho para Cultura Portuguesa I, queria referir a minha surpresa, por ter encontrado na história do teatro, praticamente, os nomes de todos os nossos maiores escritores. Eles escreveram influenciando esse universo fabuloso do teatro, e, através dele, o imaginário colectivo do nosso povo, da nossa cultura, contribuindo para a formação de novos ideais estéticos. A prova mais evidente é o "talento multimodo de poeta, de romancista, de ensaísta e de dramaturgo, Garrett (...) que foi estruturalmente, e antes de tudo, um homem de teatro", que em temas como a "liberdade ou morte", confronto entre o passado e o presente, paixão pecaminosa ou dividida, renúncia, religiosidade, (...) tornou possível aquilo que não tinha acontecido ainda em Portugal, dar tanta ductilidade à prosa, tanta verdade ao diálogo, com tanta simplicidade de léxico."(1)
Esta simplicidade, este exemplo, deve ser dado a conhecer à infância, à juventude, fomentando a ida e a prática do teatro às e nas escolas. Incentivar a admiração pelos seus actores e o gosto pelo teatro será construir um futuro em que a Cultura Portuguesa sairá vitoriosa. Tudo se deve fazer para que isso aconteça: o futuro não é amanhã, é hoje.
É urgente a dignificação dos artistas não só do Teatro Nacional, mas principalmente das companhias independentes, o que só será possível com um público interessado na frequência normal dos seus espectáculos. Para isso, o factor fundamental e ideia fixa é a educação na arte e pela arte.
Só a vivência do teatro nos faz gostar do teatro.
______________________________
Nota:
(1) - in Prefácio de A. C. Rocha, a Catão, de Almeida Garrett.


Posfácio
(aos Anexos)
Fabricador de instrumentos de trabalho,
de habitações de culturas e sociedades,
o homem é também agente transformador da História.

Col. Lugar na História.

Tal como no recente filme de Giuseppe  Tornatore, «Cinema Paraíso», em que se assiste, no final à demolição dessa casa espectáculo (que tinha exercido, durante anos, o fascínio pelo mundo das imagens), também é com pesar que verificamos as casas, que se edificaram às centenas (para aí se representar o teatro, lírico, de cordel, ou ópera popular), se foram extinguindo e, com elas, a história de épocas em que o teatro viveu pontos altos.
É um retalho dessa história da nossa cultura que aqui deixo, em forma de remate a este trabalho.
Ao folhear o Dicionário do Teatro Português, de Sousa Bastos (1908), foi  grande a alegria de conhecer um passado, para mim  nem imaginado, e grande também a tristeza de ver reduzidas essas centenas de casas de espectáculos a umas escassas dezenas. Fica a história; ficam igualmente aqui expressos alguns programas de espectáculos, que também exemplificam como é possível transmitir cultura em simples papéis, que se entregam ao espectador anónimo.
Por fim, folhas de jornais, que contribuem para divulgar as artes, numa ajuda quotidiana para construir um mundo melhor.
E ainda, por que não, endereçar os parabéns ao Museu do Teatro,  desejando que continue as suas exposições com sucesso.

Lisboa, Maio de 1990

Sem comentários:

Enviar um comentário