Vão bolseiros estudar para o estrangeiro, e a primeira ópera portuguesa é cantada em 1733. Também na peça e no filme ouvimos cantar e tocar instrumentos da época. Possivelmente proporcionado pelos diamantes que afluem à Europa e pelas toneladas de ouro que conhecem um ritmo ascendente. Tudo permitiu. Mas, igualmente se perpetuou na construção do Aqueduto das Águas Livres, na introdução da cultura do café em Cabo Verde, e mais tarde no Brasil, na publicação do «Vocabulário Português-Latino» (de R. Bluteau) e na «Arte de Navegar» (de Manuel Pimentel) e da «Fénix Renascida», no aparecimento da "Gazeta de Lisboa" (1715) e na fundação da "Academia Real da História" e de Uma Academia Médica. Enumerações imensas, das "riquezas" que este reinado fabuloso possibilitou! No ano de 1735, com a conclusão do Convento de Mafra, inscreve-se na nossa história a publicação de «As Obras Várias e Admiráveis» de Violante do Céu.
Acaso não seria Roxane, a amada de Cyrano, uma mulher com coração de poeta?
E os versos deste não seriam, por vezes, parecidos com aqueles que, nos textos de António José da Silva - o Judeu - surgiam? Em «D. Quixote» ou nas «Guerras de Alecrim e Manjerona» que, estreadas no Carnaval de 1737, nos davam "imagens" das aventuras vividas pelos homens e mulheres elegantes da sociedade lisboeta do séc. XVIII. Não ironizavam ambos o mesmo alvo? E os guardas da noite da peça de Shakespeare? Também eles encontrariam na sociedade portuguesa daquele tempo "um teatro-espectáculo popularíssimo, mesmo quando aristocratizante, o barroco na exuberância cénica"; aí teriam o seu lugar, assim como todos os artistas, tal como no teatro francês de Edmond Rostand, ou o inglês de Shakespeare.
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