quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

II Breve História sobre os Jornais em Portugal

Quanto aos jornais diários, que igualmente penso que têm um papel preponderante na cultura do nosso país, a situação é, para mim, deveras preocupante, uma vez que os mesmos são na maioria estatizados (os cinco de maior expansão, que representam 60,5% dos exemplares vendidos). As empresas jornalísticas só poderiam sobreviver independentes das mais diversas formas de pressão, mesmo subreptícias e disfarçadas, se lhes fosse possível possuir um fundo de maneio de forma a não recorrerem à venda de acções aos bancos e a sucessivos subsídios do Estado para a compra de papel, o que poderá, eventualmente, torná-los dependentes. E então, qual seria a solução? Seria uma maior venda de jornais, uma melhor distribuição por todo o país, fazendo os jornais chegar ao mais recôndito lugar, às mais longínquas aldeia de Portugal, rapidamente após a sua chegada, às bancas. Isso iria possibilitar, naturalmente, uma maior divulgação, e, ao mesmo tempo, contribuir para criar hábitos de leitura. Penso que, se um indivíduo tiver que se deslocar 5 a 7 quilómetros para comprar o jornal, vai dispensá-lo. Igualmente se verifica um deficiente investimento publicitário, sendo essa verba, por isso, diminuta nos problemas económicos que subsistem em quase todos os jornais. Também existe, possivelmente, um grande número de jornais, considerando que existe uma grande "taxa de analfabetismo", que é agravado pelos "fracos hábitos de leitura".
A crise da imprensa é sobretudo uma crise dos jornais diários, (...) uma vez que os semanários estão em expansão desde 1981. (13)
Ao terminar esta breve história dos jornais gostaria de encontrar resposta para esta crise: Será que, como nos dizem os autores que refiro ao longo do trabalho, existe "um divórcio do País real"? Será que é preciso fazer com que o jornalismo se aproxime mais do quotidiano das pessoas? "Torná-lo claro e torná-lo interessante," para cativar novos leitores? Para, assim, se tornarem visíveis as influências positivas do 25 de Abril, apagando paulatinamente um passado a esquecer, no que teve de negativo para a imprensa, e, assim se realizar um verdadeiro virar de página.
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(13) - K. AGEE, Varrem e TRAQUINA, Nelson, O Quarto Poder Frustrado, pp. 38 e seguintes.

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