Mas eis que, neste meu deambular através do tempo, logo me encontro no séc. XVIII, em que começam a surgir ideias revolucionárias que enfraquecem as estruturas do antigo regime. Surge, então, a corrente racionalista ou iluminista, que se liga a este evoluir de pensamento político, social e económico. O capitalismo surge como força económica. A Europa é enriquecida pela dominação colonial e o afluxo de capitais. A burguesia mercantil e industrial controla as forças produtivas e passa a deter o aparelho do estado.
Perante semelhantes modificações, o objectivo da História e o seu método ir-se-iam igualmente alterar. O cosmopolitismo, a nova classe dominante, é agora a atracção dos historiadores deste tempo. Evitam o estudo da Idade Média e, apesar de estarem bem informados e serem eruditos, procuram como fontes históricas testemunhas orais, narrativas de viagens, fragmentos de informação. Esta é uma crítica expressa por Georges Lefebvre à história racionalista. Voltaire e Condorcet foram os historiadores talvez mais importantes desta época. Voltaire contrapõe a História da sociedade à História das batalhas, reis e grandes senhores, mas ainda são os grandes homens a resolver os conflitos. Praticaram uma História em que o povo, enquanto massa trabalhadora e produtora de riqueza, é posta à margem. Enquanto História civilizacional, são analisados os factores económicos, sociais e culturais que fazem evoluir a História.
Será, porém, nos finais do séc. XVIII que vamos encontrar uma reacção a esta forma de fazer História. Porque, mesmo que Voltaire e Condorcet tivessem contribuído para alargar os horizontes da História, ao alertarem para a necessidade de se não esquecer "a massa das famílias" Voltaire acreditava que devia ser um "déspota" esclarecido a conduzir os destinos dos povos. Ao contrário, Rousseau propõe a necessidade de se formar um povo esclarecido, o que implicava cortar com o pensamento elitista. Para que se desse esse esclarecimento, havia a necessidade de o investigador estudar o passado, dedicar-se ao conhecimento de épocas diferentes da sua e verificar a sua evolução. Vivia-se, então, o período romântico que implicou todo um movimento cultural, artístico e intelectual.
(continuação)
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