Eis, porém, que quando Cyrano se afasta, encontra um frei capuchinho que lhe pergunta pelo nome da prima. Era uma carta que ambos entregam a Roxane. De Guiche marcava consigo um encontro, pela calada da noite, antes de ir para a guerra. Era assunto urgente. Que faz Roxane? Inventa outra mensagem, em que o frade deve casá-la de imediato com Christian. Promete-lhe uma grande quantia em dinheiro para o seu convento, e este propõe-se a casá-los. É, então, uma corrida! Acordam-se os criados, são precisas testemunhas para o acto. A aia é a madrinha. Põe-se um altar numa mesa improvisada, mas com toalha rendada e candelebros. Entretanto Cyrano, que sabia da missiva, tapa a face com um lenço vermelho e vai ao encontro de De Guiche, para o atrasar no caminho. O nobre senhor vem mascarado, acompanhado por dois músicos. Saltando de um muro alto, diz-lhe que vem de outro planeta. Vem da lua. Onde caiu? Um homem de cara preta? Estou na Argélia? Não! É uma máscara, responde-lhe De Guiche. Será louco? Diz ainda. Então estamos em Veneza! Onde vai? Encontrar-se com uma dama? Então estamos em Paris! Floreados poéticos, ricas metáforas são utilizadas, tudo para lhe impedir o caminho. Senão quando, De Guiche descobre que é Cyrano. Enfrentam-se; as palavras são duras e os gestos. São chegados à porta de Roxane. Porém, esta já estava casada com Christian. A revolta é tão grande, que De Guiche dá-lhes o mandado imediato de irem para a guerra.
O sonho é, agora, um pesadelo. As cenas são de apocalipse. Fogo, carros queimados, cavalos mortos, feridos e esfomeados. Christian quase desfalece de fome. Cyrano, fiel ao seu amor, escreve-lhe duas cartas por dia. Noite escura, atravessa as linhas inimigas para lhas enviar. Durante uma dessas aventuras, encontra a estola branca de De Guiche. De regresso vê os seus homens numa briga, porque todos querem um pouco de rato assado. Resolve, então, dizer versos e faz um flautista tocar. Um pouco mais animados, eis que ouvem tocar os tambores. Cyrano diz-lhes: joguem as cartas, os dados, eu leio Descartes. É o comandante que se aproxima, também ele com cor verde, de fome. Cyrano dá-lhe a sua estola, prova da derrota na batalha. De Guiche pega nela e vai desencadear novamente a guerra.
Christian descobre, entretanto, que o amigo escrevia sempre a Roxane, e como é profundo o seu amor por ela. Ele escrevia uma carta de despedida, que Christian resolve ser ele a entregar. Encontra-se no caminho com colegas, que tinham ido tirar pão aos espanhóis, enquanto estes ouviam missa campal.
Aproxima-se uma carroça, que tenta passar as linhas inimigas. Os guardas espanhóis que assavam um borrego, tentam impedir a passagem, mas eis que Christian e os colegas ajudam a salvar a situação. Espanto, admiração! Quem encontram a conduzir a carroça? É Roxane! A própria. Que lhes vinha trazer mantimentos. Conseguem fugir todos. Quem vinha com Roxane? Parece mesmo um sonho! Mas assim foi. O pasteleiro Rapeneau, bom amigo, trazia uma autêntica dispensa. Comida e bebida para todos, que - quem sabe? - permitiu ganhar a batalha de Arras.
Mas quem perdeu foi Christian. Verifica que o amor de Roxane é todo inteirinho para a alma de Cyrano. Já não é a sua beleza física que ela ama, mas sim aquele espírito tão dotado e merecedor de ser amado. Cyrano.
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