Escolhido, porém, não foi O Diplomático, nem consolado, pois este não foi bem-aventurado. Queria uma herdeira rica para casar, e ia sempre esperando. Entretanto ia adivinhando as sortes o sr. Rangel, e a todos entretinha ao serão, numa noite de S. João. Ardia a fogueira no quintal da rua das Mangueiras, em casa de Dª Adelaide e João Viegas. Noite de namorados sonhados e oportunidade de arranjá-los! Do livro das sortes, Rangel leu: Será que alguém a ama em segredo? Foi uma agitação! Também Rangel, essa noite, ia decidido a entregar uma carta de namoro a Joaninha, filha dos donos da casa e seus amigos de longa data. Longa sim, pois Rangel tinha andado com Joaninha ao colo em pequenina. Ela tinha uns viçosos dezanove anos e Rangel ia já nos quarenta e um. Todo de finos cheiros e lenços de cambraia, que originavam a sua alcunha! Porém, má fortuna a sua, agora que se decidira por uma mulher que estaria ao alcance da sua mão em que já não existiriam os muros sociais a interpor-se, eis que surge um novo galã em cena. É ele leitor, o Queiroz, que rapidamente entrou nesse noite de verão, não só no jantar de D. Adelaide, mas também no coração de Joaninha.
Rangel não conseguiu entregar a carta de amor que planeava e, quando já sonhava uma vida a dois e tudo na sua mente escrevinhava e planeava, eis que vê Queiroz, flautista melodioso, trocar olhares e mãos com Joaninha. Rangel já nem conseguia fazer o discurso pedido dessa noite, que em vez de sonho e do amor pretendido, lhe trouxe o compromisso de seis meses depois ser padrinho dos jovens noivos.
Contudo, Rangel, infeliz, porque o sonho de uma noite de verão não se concretizou, não deixou de continuar a sonhar e a planejar, que seria soldado na guerra do Paraguai sairia brigadeiro! Mas não! Ficou indolente, mais doente que Otelo, que por ciúmes matara Desdêmona, jamais reconquistou aquilo que perdera, a oportunidade no momento próprio.
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