sábado, 17 de março de 2012

Sobre a Leitura

Para "Conclusões/incitações" diz-nos J.A.Mourão que um dos grandes e maravilhosos caracteres dos belos livros é que para o autor eles poderiam chamar-se conclusões e para o leitor incitações. Porque a escrita comporta uma performativa específica, o "Vem!", do Apocalipse de S. João que define para Derrida a "cena da escrita em geral." (...) Nos textos 'literários' a fronteira entre o objecto e o sujeito praticamente se anula (...) o texto faz-me falar: desperta em mim o que não poderia dizer de mim, sem ele. (...) O leitor é convocado pela consistência do texto que lê, pela 'letra', antes de mais (...) resistindo o texto a uma qualquer exaustão de sentido. (...) - A  leitura pode fazer advir o sujeito - leitor, que não é somente definido em relação à 'mensagem' (...) mas é também referido ao que no discurso é dito. (...) O texto faz o que diz: fecha-se, abrindo-se, como um espaço construído pelo desejo do outro, como provocação a dizer a verdade do sujeito que somos no espaço-tempo da nossa  enunciação.
Assim finaliza a introdução, J.A. Mourão, à qual aderi  e das suas próprias palavras parti para a construção desta síntese, que nos dá o seu próprio questionar sobre a posição de Proust, e das suas implicações no debate actual sobre a leitura.
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