quinta-feira, 15 de março de 2012

SOBRE A LEITURA

PROUST, Marcel, Sobre a Leitura, trabalho realizado para a cadeira: Teoria da Literatura, 4º ano da Faculdade.

Leio e estou liberto...
Deixei de ser eu e disperso...
Leio como quem abdica.
Leio como quem passa.
E é nos clássicos, nos calmos,
nos que, se sofrem, o não dizem, 
que me sinto sagrado transeunte...
Bernardo Soares

RECENSÃO

O livro Sobre a Leitura de Marcel Proust é-nos apresentado e traduzido por José Augusto Mourão.
No seu Prefácio, do Prefácio, coloca os leitores perante aquilo que viu em Proust, e nas suas Journées de Lecture.
Seguem-se as Notas ao mesmo, nas quais agradece a Maria Leonor Teles pela leitura crítica que fez desta tradução, e nos dá conta da versão em que a mesma se baseia. Indica bibliografia das citações, assim como chama a atenção para a consulta de algumas passagens de livros (7, 9, 10 e 17). Findas estas inicia-se o Texto pela voz de Proust.
O próprio título vem já acompanhado de um nota na qual o autor dá conta ao leitor de que "neste prefácio tentou reflectir sobre o mesmo assunto que Ruskin no Tesouro dos Reis: a utilidade da leitura. É que ao expor as suas ideias já está involuntariamente a opô-las às dele, constituindo por isso uma espécie de crítica indirecta da sua doutrina".
Pela importância das notas com que o livro se inicia e se conclui, falarei de algumas que se me afiguram dignas de registo.
Começo por fazer um resumo das próprias palavras de J.A. Mourão, em que incluí as de Proust para relevar aquilo que me foi dado ver como leitora.
Verifiquei que ao longo da Introdução o apresentador dá títulos às suas considerações sobre a obra. Mante-los-ei porque eles se adaptam à teia do próprio resumo.
Assim, diz-nos J.A. Mourão que Sobre a Leitura é um prefácio de Proust à sua tradução de Sésame et les Lys, de John Ruskin. Nele analisa a sua própria experiência da leitura, entregando-se a comentários à conferência sobre a leitura que Ruskin fez em prol da criação duma biblioteca no Intituto de Rusholme, em 6 de Dezembro de 1864.
Este texto seria para alguns o "contra Ruskin" de Proust, tal como o "contra Saint-Beuve" seria o esboço da escrita da Recherche du Temps Perdu. O autor constata também "que Proust foi um fiel de Ruskin, pelo menos no seu lado "místico", e que este ensaio supõe a leitura do apóstolo inglês do cristianismo social, mesmo se o "apostolado" do escritor francês é "solitário" e "anti-utilitário". refere ainda que "a obra de Proust se presta admiravelmente para um estudo dos problemas da leitura."    
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(continua)

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